Fazendeiros promovem "dia de fogo" na Amazônia, estimulados pelo “pensamento” sanguinário do presidente da República. Cidades que cortam a BR-163 no sudoeste do Pará tiveram suas matas cortadas por densas nuvens de fumaça no fim de semana.
Os ataques permanentes às políticas ambientais, aos ambientalistas e aos órgãos de fiscalização dão mais gás aos fazendeiros da região amazônica, que, como fizeram agora, lançam fogo ao longo da BR-163, no sudoeste do Pará. Várias cidades foram cobertas por densas nuvens de fumaça.
A ideia, segundo o jornal local Folha do Progresso, era chamar a atenção do governo. “Precisamos mostrar para o presidente que queremos trabalhar e o único jeito é derrubando. E para formar e limpar nossas pastagens, é com fogo”, afirmou ao jornal um dos organizadores da manifestação.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostraram o tamanho do estrago feito pelos fazendeiros. No sábado (10), a principal cidade da região, Novo Progresso, teve 124 registros (recorde do ano) de focos de incêndio, aumento de 300% em relação ao dia anterior. Mas a “alegria” durou pouco: no domingo (11), o recorde já pulou para 203 casos. Nos últimos dias, a cidade conviveu com uma densa nuvem de fumaça.
Outra cidade bastante atingida foi Altamira (743% de aumento), com 194 casos no sábado e 237 no domingo. Imagens de satélite mostram que grande parte desses incêndios está concentrada no entorno da rodovia.
O Ministério Público Estadual investiga o caso. Mas, depois da posse de Bolsonaro, o Ibama parou de fiscalizar as queimadas em Novo Progresso, porque suas ações perderam apoio da Força Nacional (ligada ao Ministério da Justiça) e da Polícia Militar.