Justiça acaba de restabelecer ação civil pública sobre operações policiais no Complexo da Maré. Antiga ação popular que fixava um protocolo para as operações policiais na região, aberta a pedido de moradores em 2016, tinha sido suspensa em junho. A informação é da Defensoria Pública do Rio, representante dos moradores do Complexo da Maré no caso. A ação determinava presença obrigatória de ambulâncias durante as operações policiais, necessidade de filmagem das ações, instalação de câmeras nos capacetes policiais e instalação de GPS nas viaturas. Em junho, pediu a suspensão da ação e a juíza Regina Lucia Chuquer de Almeida Costa Catro, da 6ª Vara da Fazenda Pública da Capital, atendeu o pedido. "Um dia eu tava na escola, no pátio fazendo Educação Física. Aí de repente o helicóptero passou dando tiro para baixo aí todo mundo correu para o canto da arquibancada. Aí quando passou o tiro a gente correu para dentro da escola até a minha mãe me buscar, aí eu fui para casa com ela. Quando deu mais tiro eu tava em casa", diz uma das cartas que as crianças escreveram a respeito. A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro recorreu na segunda-feira ao Tribunal de Justiça contra a decisão que extinguiu a Ação Civil Pública. Apenas no primeiro semestre de 2019, foram realizadas 21 ações policiais na Maré, Zona Norte do Rio. O número é maior do que o total de operações policiais em todo o ano de 2018: foram 16 no ano passado. O número de operações motivou a publicação de um estudo, também na segunda-feira, pela ONG Redes da Maré sobre a violência decorrente de ações policiais e de grupos civis armados e seus impactos na vida dos moradores no conjunto de favelas nos primeiros seis meses deste ano.