26/07/2019 às 08h04min - Atualizada em 26/07/2019 às 08h04min

LAVA JATO E OS PROCURADORES DE ENCRENCA

 
O procurador Deltan Dallagnol, aquele que fez o power-point que condenou Lula sem provas e o retirou da disputa presidencial de 2018, aparentemente adora procurar holofote. Dessa vez, tem a história dos R$ 33 mil que recebeu em 2016 por uma palestra na empresa de informática Neoway – que foi delatada por um lobista na Lava Jato. Em vez de ser punida, a empresa ofereceu tecnologia à força-tarefa.

Essa é mais uma revelação da parceria The Intercept/Folha de São Paulo.
Além de participar do evento remunerado da companhia, em março de 2018, Deltan aproximou membros da Procuradoria e representantes da Neoway com o objetivo de viabilizar o uso de produtos dela em um trabalho da força-tarefa, da qual é coordenador.
 
Algumas gravações são empolgantes: “Olhem que legal. Sexta vou dar palestra para a Neoway, do Jaime de Paula (...). A neoway é empresa de soluções de big data que atende 500 grandes empresas, incluindo grandes bancos etc”.

Aparentemente entusiasmado com a notícia, o  procurador da República Júlio Noronha, também integrante da Lava Jato, sugeriu então que Deltan procurasse marcar uma reunião com o presidente executivo da Neoway para tratar da obtenção de produtos para um projeto da Procuradoria denominado LINA (Laboratório de Investigação Anticorrupção):
”Top Delta!!! De repente, se conseguir um espaço para conversarmos com ele e tentarmos algo para trazer uma solução para agregar ao LINA, seria massa tb!”, disse Noronha.
 
Deltan concordou e afirmou que iria procurar agradar o empresário:
“Exatamente. Isso que estava no meu plano. Vou até citar ele na palestra pra ver se sensibilizo kkkk”.
 
Deltan disse à Folha que, antes de dar palestra remunerada para a empresa Neoway, não teve conhecimento de que a companhia já havia sido citada na Lava Jato. "Não reconheço a autenticidade e a integridade dessas mensagens, mas o que posso afirmar, e é fato, é que eu participava de centenas de grupos de mensagens, assim como estou incluído em mais de mil
 processos da Lava Jato. Esse fato não me faz conhecer o teor de cada um desses processos." Argumento algo estranho, para quem é procurador...
 
Foi apenas quatro meses após a palestra, em um chat, que Deltan afirmou a outros procuradores que havia descoberto a citação à empresa na delação premiada do lobista do MDB Jorge Luz, que atuava em busca de vantagens em contratos da Petrobras e subsidiárias.

“Isso é um pepino pra mim. É uma brecha que pode ser usada para me atacar (e a LJ), porque dei palestra remunerada para a Neoway, que vende tecnologia para compliance e due diligence, jamais imaginando que poderia aparecer ou estaria em alguma delação sendo negociada”, disse Dallagnol.


 Brasil247.
Íntegra da reportagem na Folha.
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