A notícia certamente não está completa. Relata apenas a prisão de quatro pessoas acusadas de crimes cibernéticos. Os presos (três homens e uma mulher) teriam atuado na invasão do celular do atual ministro da Justiça, Sérgio Moro. O nome da operação realizada é Spoofing. Que, pela Wikipédia, significa exatamente “técnica sofisticada utilizada por hackers e crackers que permite acessar sistemas controlados passando-se por pessoa autorizada a fazê-lo”.
Foram cumpridas onze ordens judiciais, sendo sete mandados de busca e apreensão e quatro de prisão temporária nas cidades de São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto. A partir de agora, a Polícia Federal tentará descobrir se os presos de fato têm alguma relação com o vazamento de conversas do procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba.
Duas turmas de agentes e delegados se dedicam ao caso, em quatro cidades. A Procuradoria-Geral da República também abriu um procedimento para acompanhar o trabalho da polícia. A apuração desse tipo de crime é tida como complexa, e o prazo para conclusão das investigações será longo, prevê a cúpula da PF.
A PF e o Ministério Público Federal (MPF) tinham indícios de que o ataque hacker que expôs mensagens privadas de Moro e de procuradores foi muito bem planejado (obviamente) e teve alcance bem mais amplo do que se sabia até aquele momento. Entre os alvos dos criminosos, estiveram integrantes das forças-tarefas da Operação Lava-Jato no Rio, Paraná e Distrito Federal, delegados federais de São Paulo, magistrados do Rio e de Curitiba.
Até recentemente, Moro e sua turma procuravam dizer que não reconheciam as gravações feitas por The Intercepter como verdadeiras, não reconheciam seus próprios diálogos. Logo, por que provar o improvável? Alô, PF – não seria o caso de apreender os celulares suspeitos? Não seria o caso de checar as informações distribuídas por The Intercepter? Não seria o caso, como diz Chico Buarque, de chamar o “ladrão”?