09/03/2023 às 08h19min - Atualizada em 09/03/2023 às 08h19min

DILMA SE PREPARA PARA ASSUMIR O NDB.

É O NOVO BANCO DE DESENVOLVIMENTO, CRIADO PELO GRUPO BRICS.

Dilma Rousseff (PT) já fez reuniões virtuais com ministros de Finanças dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Essas sabatinas fazem parte do processo de nomeação para a presidência do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento).
Os ministros de Finanças e pastas equivalentes dos Brics — entre eles Fernando Haddad — fazem parte do Conselho de Governadores do NDB, a mais alta instância decisória do banco e colegiado responsável pela designação do presidente da instituição.
 
Dilma deverá receber um salário superior a US$ 50 mil mensais (equivalente a R$ 257 mil). O NDB é presidido de forma rotativa pelos países dos Brics, e o mandato do Brasil vai até 2025.
 
A expectativa de integrantes do governo brasileiro é a de que Dilma possa concluir os ritos formais até o fim de março, quando ela deve acompanhar Lula (PT) em uma viagem oficial à China.
A equipe de Dilma confirmou que as reuniões, realizadas por videoconferência, foram concluídas na terça-feira (7). Na semana passada, ela havia conversado com os ministros das Finanças da China, Liu Kun, e da Rússia, Anton Siluanov.
Nas conversas, Dilma expôs sua visão sobre o papel do banco e os desafios da instituição nos próximos anos.
 
Além dos países fundadores do banco — os integrantes dos Brics —, o NDB também tem como sócios os governos de Bangladesh e Emirados Árabes Unidos, que se incorporaram recentemente ao órgão.
A indicação de Dilma para o comando da instituição que financia projetos de infraestrutura nos países dos Brics envolve uma operação para retirar da entidade o atual presidente, Marcos Troyjo. Ele foi indicado em 2020 pelo ex-ministro Paulo Guedes e deveria permanecer no posto até o fim do mandato brasileiro. Mas sua proximidade com o governo Bolsonaro (PL) e a disposição de Lula de emplacar sua aliada no cargo tornaram a permanência de Troyjo insustentável.
Para dar lugar a Dilma, ele pode ser destituído pelo Conselho de Governadores ou renunciar ao cargo. Pessoas que acompanham o tema no governo brasileiro dizem que Troyjo não deve criar obstáculos para a substituição.
 
Integrantes do governo brasileiro também se dizem confiantes com o processo de indicação de Dilma e sua participação nas sabatinas com os governadores. Eles afirmam que não houve divergências em relação ao seu nome.
 
A regra de rotatividade da presidência desencoraja qualquer oposição de outros países. Os períodos de presidência estão preestabelecidos e os governos estrangeiros não interferem no nome escolhido por um dos sócios na expectativa de que também receberão questionamentos quando forem presidir o banco.
Além disso, o fato de Dilma ser uma ex-presidente da República que tem o apoio explícito de Lula para assumir o NDB desmotiva qualquer questionamento.
 
O processo de sabatinas já foi superado e Dilma agora aguarda uma reunião do Conselho de Governadores para formalizar sua nomeação para a presidência do NDB. A expectativa de auxiliares é que essa fase ocorra nos próximos 15 dias.
O pessoal de Lula espera que Dilma integrará a comitiva oficial que estará na China de 24 a 30 deste mês já como presidente designada do NDB. Lula deve se encontrar com o líder chinês Xi Jinping no dia 28.
 
Com a concretização da nomeação, aliados de Dilma dizem que ela deve morar e trabalhar em Xangai, sede do banco. A ex-presidente resistiu às primeiras sondagens para assumir o banco do Brics porque ficaria longe de sua família no Brasil, mas mudou de ideia.
 
O governo brasileiro começou a tratar de sua indicação já no início do ano. Na ocasião, o ministro Fernando Haddad comunicou a Troyjo que ele deveria deixar o cargo.
Antes de ir para o NDB, Troyjo foi secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais de Guedes no ministério da Economia.
Crítico de Lula, ele foi comentarista da Jovem Pan e colunista da Folha, e chegou a se referir ao presidente como "presidiário" em participações na rádio — o que inviabilizou sua permanência no banco.
Lula confirmou publicamente a intenção de levar Dilma à presidência do banco em entrevista à CNN no dia 16 de fevereiro. "Olha, se depender de mim, ela vai ser a presidente do banco", disse ele. Disse ainda que a nomeação de Dilma seria "maravilhosa" para os Brics e para o Brasil.
"A Dilma é uma mulher extraordinária, uma pessoa digna de muito respeito, e o PT adora ela. Ela, junto à militância do PT, ela é muito querida. E ela tem uma coisa que ela é muito competente tecnicamente. Então, se ela for presidente do banco dos Brics, será uma coisa maravilhosa para os Brics, será uma coisa maravilhosa para o Brasil", declarou.
Antes disso, o governo já havia contatado Troyjo para ele renunciar e dar lugar a Dilma —conforme mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha.
 
Nesta quarta-feira (8), Lula aproveitou o Dia da Mulher para fazer um desagravo a Dilma durante a cerimônia no Palácio do Planalto. Ele disse que o impeachment da ex-presidente em 2016 – que Lula chamou de golpe – foi um retrocesso para as mulheres.
Dilma teve o mandato cassado em 2016 em processo de impeachment que tramitou na Câmara e no Senado. Ambas as Casas consideraram que a então presidente cometeu crime de responsabilidade pelas chamadas "pedaladas fiscais", com a abertura de crédito orçamentário sem aval do Congresso. A decisão, no processo e no mérito, foi acompanhada sem contestação pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
 
Leia também no Brasil247 e na Folha.
 
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