16/07/2019 às 14h52min - Atualizada em 16/07/2019 às 14h52min

​O IMPOSTO DE RENDA DERROTOU AL CAPONE. A LIBERDADE DE IMPRENSA VAI DERROTAR MORO.


Recentemente li na Carta Capital a seguinte afirmação: “Muita gente ainda apoia a Lava Jato justamente porque ela foi… parcial. Essa turma nunca quis realmente justiça, e sim destruir o PT". Essa apreciação correta da realidade atual de nosso país expressa o chamado antipetismo, que é o preconceito contra o PT que continua preponderando na sociedade e representa a fonte real de poder do autoritarismo de Bolsonaro.

Filho legítimo do impeachment contra a presidenta Dilma, Bolsonaro herdou o que tem de pior do golpe de 2016. Ao deixar o candidato tucano Alckmin “comendo poeira”, Bolsonaro fez da direita liberal, capitaneada pela Globo, sua refém política no segundo turno e depois no seu governo. Ela ainda tenta construir um poder independente com Rodrigo Maia como presidente da Câmara, mas este apenas mal consegue fazer no parlamento o trabalho que Bolsonaro, com o seu modo caótico de governar, não consegue articular, embora tenha o mesmo propósito. 

Por mais que Maia deseje, seu poder depende do Centrão, que depende financeiramente de Bolsonaro, como vimos na vergonhosa aprovação da reforma da Previdência.

Essa tática “morde e assopra” da Globo em relação a Bolsonaro apenas revela sua fragilidade política e o patamar a que se reduziu a outrora poderosa fazedora de presidentes, que tratava Temer como seu despachante, mas não consegue sequer ser ouvida pelo imprevisível Bolsonaro. 

Mas a crise econômica e o desemprego que o governo não consegue superar estão fazendo sucessivas camadas populares e até mesmo da burguesia se afastarem de Bolsonaro. A insatisfação social que se acumula não se transforma, porém, em forte oposição justamente por causa do preconceito contra Lula e o PT. Esse é o equilíbrio precário em que o governo Bolsonaro e todo o sistema que deu o golpe de 2016 se contorcem para se manter.


Tudo se tornou pior para os golpistas quando, nesse quadro político por si só já bastante instável, estourou a bomba informativa das revelações do InterceptBrasil atingindo gravemente Moro e a Lava Jato. Ou seja, aquilo que representa o eixo narrativo do moralismo golpista e o principal alimento do preconceito contra Lula e o PT.

Moro, Bolsonaro e a Globo se juntaram então para interromper a sangria de credibilidade da Lava Jato – o chamado “combate à corrupção”, a alma do golpe. Por sua vez o STF e demais instituições da justiça fingem que as revelações não são autênticas, apesar das provas em contrário. Mas o fato é que ninguém consegue fechar essa ferida, pois a arma que a produziu é muito poderosa e respeitada internacionalmente. Chama-se “liberdade de imprensa”. 

Assim como o poderoso mafioso Al Capone caiu por causa de seu imposto de renda, a liberdade de imprensa exercida pelas reportagens de Glenn Greenwald está se mostrando mortal para a Lava Jato e, em médio prazo, para o futuro do golpe de 2016 e do próprio governo Bolsonaro. Suas revelações estão corroendo o preconceito contra Lula e assim debilitando as defesas ideológicas do retrocesso político que o país vive desde o impeachment ilegal da presidenta Dilma.

Por isso, por pior que esteja a situação do país, e vai piorar ainda mais, podemos ter esperança numa saída por meio da retomada do Estado democrático de direito. Este é um caminho que temos de construir com a ampla unidade das forças democráticas. Nada mais vital do que isso!

Val Carvalho
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