12/01/2023 às 09h28min - Atualizada em 12/01/2023 às 09h28min

93% CONDENAM ATAQUES GOLPISTAS.

3% APROVAM, 2% INDIFERENTES.

 
É o Datafolha que aponta: a imensa maioria dos brasileiros repudia os ataques golpistas ao coração dos três Poderes em Brasília, realizados por bolsonaristas no domingo passado (8). 93% são contra a ação e apenas 3% aprovaram. Os indiferentes são 2%.
 
O Datafolha ouviu 1.214 pessoas com mais de 16 anos (ou seja, aptas a votar), na terça, 10, e nesta quarta, 11, em pesquisa telefônica por todo o Brasil. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.
 
Dos entrevistados, 2% se disseram indiferentes à depredação ocorrida no Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional. Não soube dar opinião 1%. A totalização dos dados não chega a 100% porque há arredondamentos.
 
A baderna foi um dos mais graves incidentes – talvez o maior – desde a redemocratização do Brasil após o fim da ditadura militar em 1985. Milhares de apoiadores de Bolsonaro, muitos recém-chegados a Brasília de outros estados, se uniram a acampados em frente ao Quartel-General do Exército para marchar rumo à praça dos Três Poderes e depredar.
 
Essa depredação das sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário tinha uma motivação: impedir que Lula (PT), que derrotou Bolsonaro em outubro, governe. O petista havia tomado posse uma semana antes, e o ex-presidente estava na Flórida, após recusar-se a participar da passagem de poder.
 
96% dos entrevistados disseram ter conhecimento do ocorrido. Desses, 43% dizem estar bem informados sobre os fatos, 41%, mais ou menos cientes e 12%, com pouca informação. O restante da amostra, 4%, disse desconhecer o que aconteceu...
10% dos que se declaram eleitores de Bolsonaro, o inspirador da ideia golpista de rejeitar o resultado da eleição de outubro passado, aprovaram a violência e o vandalismo.
 
Bolsonaro, dos Estados Unidos, chegou a se manifestar com um mais ou menos, disse em rede social que violência não seria algo dentro "da regra" – e teve a cara de pau de acusar a esquerda de fazer o mesmo em outras ocasiões...
 
Para o Datafolha, 46% dos brasileiros acham que todos os envolvidos nas depredações têm de estar presos. Para 15%, a maioria deveria, e 26% acham que só alguns. Para 9%, ninguém deveria estar detido e 4% dizem não saber.
Cerca de 1.500 pessoas foram detidas, muitas já liberadas, e novas prisões seguem sendo feitas a partir de determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que coordena inquéritos contra fakenews e atos antidemocráticos a partir de ameaças feitas a integrantes da corte.
 
As punições são principalmente entre aqueles que têm ensino fundamental: 54% querem ver todos presos. De forma previsível, entre aqueles que se declaram eleitores de Bolsonaro o abrandamento é mais pronunciado — 48% acham que alguns devem ser presos e 17%, que ninguém deve ir para a cadeia.
 
A expectativa de punição pelo Judiciário é diferente. Os que acreditam que serão punidos são 77% dos ouvidos, 42% deles esperando uma pena dura e 35%, uma branda. Já os que acham que nada ocorrerá aos criminosos são 17%, enquanto 6% disseram não saber.
 
Aqui, parece fazer valer a fama de implacável de Moraes, que tem agido de forma dura contra aqueles que atentam contra a democracia, atraindo críticas acerca do que é visto como uma ação arbitrária e que margeia o abuso de poder.
Acontece que ele é apoiado pelo plenário do Supremo em suas ações. Desde que os vândalos entraram em ação, tem reiterado que a eles será dispensado o rigor da lei. Mandou prender na esteira do caso o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, além do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal.
 
O papel dos financiadores do transporte e dos acampamentos que alimentaram os atos também é visto como alvo. Para 77%, esse grupo deveria ser preso, enquanto 18% acham que não. Outros 5% dizem não saber. Entre eleitores de Bolsonaro, a taxa cai a 56% que pregam punição e 37%, que não.
Os primeiros depoimentos dos golpistas presos indicam que muitos deles tiveram passagem e alimentação paga por terceiros para estar no acampamento brasiliense, desmontado na segunda (9), assim como outros similares pelo país, também por ordem de Moraes. O caminho de seguir o dinheiro é linha clássica de apuração daqui em diante.
 
Na semântica da crise (seja o que isso quer dizer), o Datafolha quis saber como os eleitores viam os manifestantes do domingo. Para 18%, eles são vândalos, enquanto 15% adotaram a expressão adotada por autoridades dos três Poderes em diversas entrevistas coletivas: terroristas.
Outros 7% os chamam de irresponsáveis, 5%, de criminosos ou bandidos, 3%, de loucos/malucos/assemelhados.
 
Nesta quarta, Lula usou uma variante deste último termo: aloprados, que aliás remete a um escândalo de sua primeira gestão no Planalto, em 2006, quando ele assim se referiu a uma dupla que buscou comprar um dossiê falso contra o então candidato tucano ao governo paulista, José Serra.
 
Grupos de 2% os veem como vagabundos, muito usado entre bolsonaristas ao se referirem a adversários, vergonhosos, burros/ridículos, ignorantes/irracionais. Já 30% deram outras respostas e 8%, não se manifestaram.
 
Mas o mais importante é a informação geral de que 93% dos brasileiros condenaram os ataques golpistas.
 
Leia também no Brasil247 e na Folha.

 
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