05/01/2023 às 07h39min - Atualizada em 05/01/2023 às 07h39min

GUGA QUER O FIM DOS BRICS.

PREFERE O B-USA...


  
Guga Chacra, colunista de O Globo, fez a defesa de uma política externa brasileira totalmente alinhada aos interesses dos Estados Unidos, que vê Rússia e China como inimigos estratégicos. Por isso, Chacra propôs hoje o fim dos BRICS, bloco que reúne potências em desenvolvimento: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que pode se abrir para outros países, como Argentina, Argélia e Irã.
 
Chacra diz que o mundo mudou muito nos últimos anos e em seguida propõe o fim do bloco.  "Diante desse novo cenário geopolítico global, cabe a pergunta se o BRICS ainda faz sentido, se é que fazia no passado. Qual o interesse de Brasil, Índia e África do Sul de integrarem um bloco junto com a Rússia, vista como inimiga no mundo ocidental?", diz ele em sua ‘análise’. "Uma alternativa razoável para o Brasil seria seguir a defender seus interesses no cenário geopolítico internacional, mas sem deixar de lado seus valores. É óbvio que o país precisa seguir com o comércio com a China. Não há necessidade, porém, de adular Xi. Deve condenar a Rússia por sua agressão à Ucrânia nos fóruns internacionais, mas levando em conta os interesses brasileiros no comércio bilateral. E é importante o novo governo Lula investir numa aproximação com a Índia no âmbito comercial, ainda que mantendo uma certa distância de Modi", acrescenta, surpreendentemente...
 
"Já o BRICS como bloco deveria ser extinto, ainda que não formalmente. Lula não pode se sentar ao lado de um criminoso de guerra como Putin. Seria um desrespeito a todas as vítimas do conflito na Ucrânia", escreve ainda Gusa Chacra...
 
Leia também no Brasil247. O texto de Chacra, publicado no Globo, está no final...
 


 
O que Lula fará com o Brics?
Cenário geopolítico atual, com guerra na Ucrânia e linha dura de Xi, levanta dúvidas sobre sentido do bloco que há uma década parecia se consolidar como representação das potências não ocidentais
05/01/2023 04h30  Atualizado há 3 horas
Quando Lula deixou o governo 12 anos atrás, o Brics parecia consolidar-se como o bloco das potências não ocidentais. Vladimir Putin ainda era um líder respeitado no Ocidente e estava num hiato fora da Presidência da Rússia, exercendo o cargo de premier. Hu Jintao governava a China, mas não como um autocrata. A Índia seguia nas mãos do Congresso Nacional Indiano, uma agremiação mais centrista. A África do Sul vivia a transição de Thabo Mbeki para Jacob Zuma e permanecia nas mãos do Congresso Nacional Africano desde o fim do apartheid. E o Brasil vivia um de seus melhores momentos econômicos, além de ter sido escolhido como sede da Copa e da Olimpíada.
As mudanças em pouco mais de uma década foram gigantescas e, na maior parte, para pior nesse bloco que visava unir-se como uma força separada, mas não antagônica, do Ocidente. Putin anexou a Crimeia em 2014 e invadiu no ano passado a Ucrânia no maior conflito militar na Europa desde o fim da Segunda Guerra. Repudiado no Ocidente, o líder russo vê sua ofensiva fracassar, com os EUA e as nações europeias se unindo a favor dos ucranianos liderados pelo presidente Volodymyr Zelensky.
A China, depois da pandemia, perdeu o fôlego, crescendo a patamares bem inferiores aos de anos atrás. Mais grave, Xi Jinping mudou as regras para permanecer um terceiro mandato e se tornou um autocrata. As ameaças a Taiwan se intensificaram e ainda pesam as acusações de genocídio contra minorias como os uigures. A Índia emerge como uma das grandes vitoriosas do período pós-pandemia e superará a China como a nação mais populosa do planeta nos próximos meses. Ao mesmo tempo, seu primeiro-ministro é o nacionalista e supremacista hindu Narendra Modi, com uma agenda bem mais polarizada do que seus antecessores.
O único do Brics que não mudou muito foi a África do Sul. Afinal, mesmo o Brasil de Lula vive um contexto bem diferente do de 2011. A economia luta para superar uma década perdida, o país segue dividido e sua imagem se deteriorou após quatro anos de governo de um pária internacional como o extremista Jair Bolsonaro.
Diante desse novo cenário geopolítico global, cabe a pergunta se o Brics ainda faz sentido, se é que fazia no passado. Qual o interesse de Brasil, Índia e África do Sul de integrarem um bloco junto com a Rússia, vista como inimiga no mundo ocidental? Naturalmente, esses países mantêm e manterão relações comerciais e diplomáticas com Moscou. Como disse o chanceler da Índia ao New York Times, "a Europa importou seis vezes mais petróleo da Rússia do que a Índia desde fevereiro", ao dizer que os indianos devem defender seus interesses. Mas tratar como aliado? 2023 não é 2010.
Uma alternativa razoável para o Brasil seria seguir a defender seus interesses no cenário geopolítico internacional, mas sem deixar de lado seus valores. É óbvio que o país precisa seguir com o comércio com a China. Não há necessidade, porém, de adular Xi. Deve condenar a Rússia por sua agressão à Ucrânia nos fóruns internacionais, mas levando em conta os interesses brasileiros no comércio bilateral. E é importante o novo governo Lula investir numa aproximação com a Índia no âmbito comercial, ainda que mantendo uma certa distância de Modi.
Já o Brics como bloco deveria ser extinto, ainda que não formalmente. Lula não pode se sentar ao lado de um criminoso de guerra como Putin. Seria um desrespeito a todas as vítimas do conflito na Ucrânia.
 
O GLOBO.

 
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