14/07/2019 às 13h10min - Atualizada em 14/07/2019 às 13h10min

​PROCURADORES DE CURITIBA S/A

 
Aqui no Daqui&Dali ninguém é formado em Direito. Somos fundamentalmente profissionais de Comunicação. E procuramos trabalhar bem direito. Talvez por isso nós não conseguimos até agora engolir toda essa misteriosa história curitibana. Por exemplo, cada vez que avançamos em mais detalhes das gravações realizadas por The Intercepter Brasil ficamos em estado de choque. “Então é assim que funciona a Justiça?” Claro, não somos ingênuos e sempre imaginamos que há um escorrega aqui, outro acolá. Mas a sensação é a de que esse juiz e seus procuradores abrutalharam a Justiça. Isso mesmo – abrutalharam! Lembrando Dalton Trevisan, ilustríssimo filho de Curitiba (cidade, pra ele, origem dos “Joaquins”), parece que a capital paranaense foi tomada pelos “Moro, Dellagnol e Procuradores – Sociedade Oculta”, onde se encontram todos os vampiros da cidade. Ou da justiça.
Nas mensagens até agora secretas das LavaJatos, temos imensas maravilhas. Os procuradores reclamavam de violações éticas de Moro e temiam que a operação perdesse toda a credibilidade com sua ida para o governo Bolsonaro. Não é estupendamente maravilhoso? Que credibilidade é essa, se eles, juntos, tramaram interferir na política da Venezuela? Qual imparcialidade, honestidade, submissão integral à Justiça eles poderiam ter se, ao mesmo tempo, montavam um plano de negócios para lucrar com eventos e palestras na esteira da fama e dos contatos conseguidos durante a operação, como mostram as mensagens obtidas pelo Intercept e analisadas em conjunto com a equipe da Folha de São Paulo?

Em um chat sobre o tema criado no fim de 2018, Dallagnol e um colega da Lava Jato discutiram a constituição de uma empresa na qual eles não apareceriam formalmente como sócios, para evitar questionamentos legais e críticas. A ideia era usar familiares. Deu pra entender? Eles sabiam que teriam questionamentos legais e queriam evitá-los.
Eles ainda pensaram em criar um instituto sem fins lucrativos (!) para pagar altos cachês a eles mesmos, e também em fazer parceria com uma firma organizadora de formaturas para alavancar os ganhos do projeto.
Como se tudo ainda fosse pouco, Dallagnol ocupou os serviços de duas funcionárias da Procuradoria em Curitiba para organizar sua atividade pessoal de palestrante no decorrer da Lava Jato.

Com todo o respeito a Dalton Trevisan, o Vampiro de Curitiba não é (ou não é mais...) o seu personagem Nelsinho, curitibano “obcecado por sexo, que vagueia pela provinciana Curitiba atrás de suas vítimas, andando por caminhos obtusos enquanto abre os olhos do leitor à visão de uma cidade decadente, onde o protagonista não apenas se esconde, mas se mescla”. Ele hoje é procurador de novos tipos de vítimas, combinando formas inusitadas de tirar o sangue e, depois de sugar bastante, combinar formas ainda mais avançadas, mais sofisticadas, de sugar.
Os procuradores parecem que encontraram um jeito de tirar o sangue de Curitiba – e do país.

 
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