11/12/2022 às 17h00min - Atualizada em 11/12/2022 às 17h00min

“COMBATE À POBREZA NÃO PODE PARAR”

DECLARA TEREZA CAMPELLO.


 
O novo programa Bolsa Família com viabilização a partir de janeiro é apenas uma parte do enfrentamento à pobreza, diz a ex-ministra Tereza Campello. “Achar que era só trazer os R$ 600 e está tudo resolvido, como fizeram às vésperas das eleições, é coisa do Bolsonaro”, afirma a economista. Ela esclarece que política pública de combate à pobreza precisa ter continuidade, ter estabilidade e ter critério. Grande parte do aumento da pobreza no Brasil tem a ver com o desmonte no mercado de trabalho.
 
Tereza Campello se refere ao fato de que no ano 2021 o número de pessoas vivendo em situação de pobreza no Brasil aumentou 22,7%, passou para 62,5 milhões. Observa que mesmo quem não está em situação de pobreza sobrevive no limite.
 
“Com muita gente em trabalho precário, ou trabalhando menos horas do que gostaria ou trabalhando muito e ganhando pouco. Então, toda a agenda do enfrentamento será casada com retomada de direitos trabalhistas, com a reconstrução do mercado de trabalho”, defende a economista, que é integrante do grupo do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no Gabinete da Transição.
 
“É um debate multidimensional com múltiplos objetivos, para que o combate à fome e à pobreza seja também motor do próprio desenvolvimento econômico.”
Para se enfrentar de fato um problema estrutural, como ela explica, é preciso um conjunto de políticas integradas. “É esse conjunto de medidas que está sendo costurado pelo grupo de trabalho do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O Bolsa Família vai ter de voltar a ter condicionalidades. Isto é, as crianças estarem na escola, se alimentarem, terem a vacinação em dia. Mas tem também as outras políticas, como as cisternas, Programa de Aquisição de Alimentos, só para ficar em alguns que cabem ao nosso grupo”, diz.
 
Imenso mercado interno
A economista também diz que a questão programática é bem maior e envolve um projeto que articule ampliação do acesso ao alimento não só com Bolsa Família. Tem que haver qualificação profissional, com acesso a emprego, com salário mínimo valorizado. “O enfrentamento à pobreza tem esse conjunto de elementos. E olhando o Brasil como um imenso mercado interno. Então, estamos articulando o combate à fome com acesso a alimentos de qualidade, e isso exigirá que a gente produza melhor. Ao fazer isso, estaremos gerando empregos verdes, sustentáveis”, exemplifica a ex-ministra.
 
Tereza Campello define que o papel da transição, mais que diagnosticar a situação e pensar o futuro, é desarmar bombas. “E tem um monte de bombas armadas. Por exemplo, quando o governo interrompe o envio de caminhões-pipa ao povo do Nordeste, não são baldes que não estão sendo enchidos, mas cisternas. O programa de cisternas, se a gente não tomar medidas agora, a partir de abril a gente não pode mais fazer, porque o marco legal acaba. Quer dizer, ele deixou um conjunto de problemas armado. Estamos descobrindo coisas terríveis.”
 
O terrível é lembrar que essa é a política dos últimos quatro anos...
 
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