Celso Amorim, embaixador no governo Lula e ministro da Defesa no governo Dilma, afirmou, na noite de ontem, 6, ao participar de debate sobre a nova política externa brasileira promovido pelo Brasil 247 e pela PUC (SP), no Teatro Tuca, em São Paulo, que o mundo de hoje é bem mais complexo do que o de vinte anos atrás, quando Lula chegou pela primeira vez ao poder. Disse ele: "Lá atrás havia mais diálogo entre as potências, o mundo multipolar estava se formando e as regras eram mais claras. Por isso, tivemos muito espaço para agir com a política externa ativa e altiva. Hoje, temos uma guerra no coração da Europa e podemos estar caminhando para uma divisão entre as potências".
Celso Amorim disse ainda que o Brasil voltou a ser um protagonista, especialmente porque o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tem liderança e credibilidade para dialogar com todos os atores. "À exceção do que ocorreu nos últimos quatro anos, a política externa brasileira sempre foi considerada um modelo", diz ele. Também afirmou que um diálogo consistente entre Mercosul e União Europeia será importante para um maior equilíbrio global e a consolidação do mundo multipolar.
Ele afirmou que a conversa entre o enviado especial da Casa Branca, Jake Sullivan, e o presidente Lula teve como foco central o convite para uma visita aos Estados Unidos, mas também passou por outros temas, como Venezuela e a geopolítica internacional. "Prevaleceu o respeito entre os dois países", afirmou. No futuro governo, Amorim não será chanceler, mas deverá ter um cargo em Brasília, como assessor especial de Lula.