23/10/2022 às 07h33min - Atualizada em 23/10/2022 às 07h33min

A OPOSIÇÃO A BOLSONARO AVANÇA

TEM ATÉ EDITORIAL DA FOLHA



A oposição a Bolsonaro sempre existiu, mas conduzida basicamente pelos partidos de esquerda, tendo em Lula a sua grande referência. Mas o tempo passa, o tempo voa, e ninguém fica à toa...
O editorial de ontem da Folha é um exemplo de ‘mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa’. Aliás, uma repetição do título (‘Ameaça autocrática’) de artigo de Pedro Cafardo, no Valor, de 15/jun/2020. Mas não importa agora quem culpou ou se desculpou primeiro. O importante é uma união ampla e forte, que seja capaz de passar um apagador que impeça a perpetuação do atraso e da arrogância. Unidos, desbolsonaremos o país!

Leia também a Folha, Brasil247, Valor.


Ameaça autocrática
Concentrar poder é o verdadeiro programa de governo de Jair Bolsonaro
 
Nunca foi tão avassaladora a maioria de brasileiros que consideram a democracia a melhor forma de governo, de 79% segundo o Datafolha. Nunca na Nova República um presidente ameaçou a estabilidade constitucional como o atual mandatário.
Jair Bolsonaro (PL) valeu-se do cargo para constranger e ameaçar Poderes independentes, insultar autoridades e propagar uma farsa contra o sistema eleitoral diante de brasileiros e estrangeiros.
Promoveu tratamentos ineficazes de uma doença letal, retardou a aquisição de vacinas, debochou de famílias enlutadas, protegeu os filhos de investigações e atiçou militares contra o poder civil.
Conclamou arruaceiros a cercarem as seções de votação no próximo domingo (30).
A agenda que deveria ser a do futuro —educação, saúde, infraestrutura, inovação, redução da pobreza e das desigualdades— ocupou-se de temas que já deveriam estar superados. A sociedade e as instituições tiveram de gastar energia preciosa para proteger regras básicas da convivência democrática.
Agora, como nos outros oito pleitos presidenciais realizados desde 1989, os votos serão dados livremente, a apuração revelará a vontade majoritária, e o eleito tomará posse e governará com as prerrogativas e as obrigações de chefe de Estado.
Esperar que o próprio candidato à recondução tenha compreendido e acatado os limites do mandato seria pouco realista diante do que se vê desde 2019.
É melhor trabalhar com a hipótese corroborada pela experiência —tornar-se autocrata é o verdadeiro programa de governo de Jair Bolsonaro para um eventual segundo mandato.
A ameaça do arbítrio é nova apenas em aspectos acessórios, como no uso intensivo de redes sociais para disseminar ignorância, culto ao chefe e ordens de ataque. No mais, obedece ao roteiro de conhecidos movimentos subversivos da história.
Não é necessário um golpe militar para liquidar o Estado democrático de Direito. Se não for tenazmente neutralizada, a corrosão cesarista com o tempo dissolve as cartilagens que articulam as liberdades civis e a competição política.
As instituições republicanas deram seguidas demonstrações de solidez ao impedir a deriva autoritária nos últimos quatro anos. Estarão prontas, haja vista a inequívoca convicção democrática da população, para um novo período de bloqueio das investidas tirânicas caso a maioria do eleitorado brasileiro soberanamente decida pela reeleição.
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