14/10/2022 às 06h42min - Atualizada em 14/10/2022 às 06h42min

77% X 23%

CHANCES DE LULA E BOLSONARO



Dia 30 vem aí. É a data do segundo turno das eleições presidenciais. Data da provável vitória de Lula sobre Bolsonaro.
De acordo com a fórmula que prevê o próximo resultado, Lula tem 77% de chance de vitória, contra apenas 23% de Bolsonaro.
 
O modelo foi criado pelos cientistas políticos George Avelino, Guilherme A. Russo e Jairo T. P. Pimentel Junior, do Centro de Política e Economia do Setor Público da FGV-SP. Esse modelo tem taxa de acerto elevada e funciona também para disputas estaduais e municipais.
Se considerarmos o ano de 2018, por exemplo, o cálculo apontou corretamente o favorito em 13 das 15 disputas que foram para o segundo turno, incluindo a presidencial – com erros apenas em Roraima e Santa Catarina.
 
O desempenho é semelhante ao das pesquisas de intenção de voto realizadas pelo Ibope na véspera do segundo turno, que também cravaram o favorito em 13 das 15 disputas daquele ano.
A diferença, dizem os pesquisadores, é que a pesquisa de intenção de voto tem um custo alto e só atinge essa precisão um dia antes de os eleitores irem às urnas, enquanto a fórmula deles é gratuita e pode ser aplicada assim que são apurados os resultados do primeiro turno.
Eles já são capazes de apresentar os favoritos em todas as disputas estaduais ainda em aberto neste ano.
 
Como regra, todos os candidatos que terminaram na frente no primeiro turno têm maior chance de serem eleitos, mas a vitória é bem menos certa em alguns estados, como Mato Grosso do Sul e Pernambuco.
No primeiro caso, Capitão Contar (PRTB) tem apenas 51,7% de chance de vencer, contra 48,3% de Eduardo Riedel (PSDB). Os mesmos percentuais se repetem na competição pernambucana, com leve favoritismo de Marília Arraes (Solidariedade) sobre Raquel Lyra (PSDB).
Na outra ponta, em Alagoas, Paulo Dantas (MDB), alvo recente de operação da Polícia Federal, surge com 89,7% de chance de vitória, contra apenas 10,3% de Rodrigo Cunha (União Brasil). É praticamente a mesma vantagem de Wilson Lima (União Brasil) sobre Eduardo Braga (MDB) no Amazonas: 89,6% contra 10,4%.
 
A disputa pelo Governo de São Paulo tem cenário parecido com a disputa presidencial, mas com inversão dos polos. A maior probabilidade de vitória (74%) está com Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Bolsonaro, enquanto Fernando Haddad (PT), apoiado por Lula, fica com 26%.
 
Para chegar a esses percentuais, Avelino, Russo e Pimentel utilizam uma equação que leva em conta apenas dois aspectos: o percentual de votos válidos recebidos pelo líder do primeiro turno e a diferença em relação ao segundo colocado.
Enquanto desenvolviam o modelo, eles analisaram 128 disputas presidenciais de segundo turno em 44 países, incluindo o Brasil, além de 287 segundos turnos em pleitos estaduais e municipais brasileiros.
Com base nas eleições regionais, examinaram outras variáveis, como tentativa de reeleição, características demográficas, perfil dos candidatos e distribuição dos votos entre os derrotados no primeiro turno. Descobriram que nada disso aprimorava a capacidade de previsão da fórmula.
Num artigo de 2020, eles argumentam que existem bons motivos para a equação funcionar, a despeito de sua simplicidade.
Afirmam, por exemplo, que os resultados do primeiro turno já incorporam as especificidades das campanhas e que é muito raro haver mudança de voto entre o líder e o segundo colocado da disputa.
De acordo com eles, dados de eleições brasileiras mostram que apenas 6% dos eleitores em corridas presidenciais e estaduais mudaram de opção entre os dois candidatos que passaram para o segundo turno. Mas, como a migração ocorre nos dois sentidos e com frequência aproximada, seu efeito tende a ser desprezível.
 
Além disso, Avelino, Russo e Pimentel lembram que os eleitores em tese disponíveis para o segundo colocado são aqueles que votaram em candidatos derrotados no primeiro turno ou os que se abstiveram.
Mas também sustentam que é difícil mobilizar todo esse contingente para participar do segundo turno – e seria necessário que quase todos esses eleitores votassem no segundo colocado, o que é pouco provável dada a diversidade de suas preferências.
 
Leia também na Folha e no Brasil247.
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