19/09/2022 às 09h10min - Atualizada em 19/09/2022 às 09h10min

LONDRES VIROU A CABEÇA DE BOLSONARO.

PENSA QUE LIDERA E VAI GANHAR A ELEIÇÃO.



 
Bolsonaro aproveitou a ‘temporada’ em Londres para gravar um vídeo em frente a um posto de gasolina (onde o litro do produto era vendido por preço acima do equivalente no Brasil), peça tipicamente eleitoral. A comparação feita pelo presidente que temos ignorou a diferença de renda média dos dois países, da paridade do poder de compra e do peso da logística rodoviária.
 
Mas isso ainda não foi tudo. Ele também aproveitou para discursar da nossa sacada na embaixada dirigindo-se a uma plateia de cerca de 150 militantes. Chegou a falar explicitamente que espera vencer no primeiro turno, repetindo frase dita horas antes, durante comício em Garanhuns (PE) e deixando claro o clima de palanque – e mais claro ainda que pirou de vez...
 
“O momento que temos pela frente, teremos de decidir o futuro da nossa nação", afirmou Bolsonaro. "Sabemos quem é do outro lado e o que eles querem implantar no nosso Brasil. A nossa bandeira sempre será dessas cores que temos aqui: verde e amarela. Jamais aceitaremos o que eles querem impor”, completou, deixando dúvidas sobre sua capacidade de enxergar alguma coisa.
 
No avião da FAB, Bolsonaro viajou com apoiadores que têm muita participação em sua campanha eleitoral e sem nenhuma função no governo, como o pastor Silas Malafaia, o influenciador digital Agustin Fernandez e o padre Paulo Antônio de Araújo. Malafaia usou suas redes sociais para mostrar a manifestação bolsonarista. Também está em Londres o assessor de campanha Fabio Wajngarten, que fez questão de afirmar ter viajado às próprias custas, em voo comercial da Latam. As cenas de campanha em Londres também foram replicadas nas redes sociais pelo ministro das Comunicações, Fabio Faria, pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) e pelo candidato a deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).
 
Em Londres, Bolsonaro concedeu uma entrevista a um youtuber brasileiro que vive na cidade e, com Malafaia a tiracolo, foi até a abadia de Westminster, prestar a homenagem oficial à monarca falecida. Na parte oficial da viagem, Bolsonaro ainda assinou o livro de condolências na Lancaster House. No fim do dia, compareceu à recepção oficial do rei Charles III no Palácio de Buckingham.
 
Uma das representações, assinada pela senadora Soraya Thronicke (MS), candidata a presidente pelo União Brasil, pede ao TSE medida cautelar para que Bolsonaro seja impedido de usar na propaganda eleitoral “quaisquer materiais gráficos, fotografias ou vídeos, de sua atuação como chefe de Estado na cerimônia do funeral da rainha Elizabeth II”. Pede ainda que, caso confirmada a conduta ilícita, a candidatura à reeleição do presidente seja cassada.
 
Outra ação foi apresentada pela vereadora e candidata a deputada federal por São Paulo Erika Hilton, do PSOL. A terceira representação foi apresentada pela coligação “Brasil da Esperança”, da candidatura de Lula (PT) à Presidência, e assinada por quinze advogados. Na ação petista já há o pedido de remoção de conteúdo compartilhado nas redes bolsonaristas.
 
Segundo a advogada constitucionalista Vera Chamin, mestre em Direito Público na FGV, “ao discursar em sacada de residência oficial de um embaixador, ele acabou misturando a sua função pública, de Presidente da República, com a de candidato à reeleição”. De acordo com Chamin, essa conduta pode ser enquadrada como “abuso de autoridade, mais precisamente, abuso de poder político e consequente desvio de finalidade, uma vez que fez propaganda eleitoral em uma viagem oficial, com o uso de recursos públicos”.
 
Segundo a advogada, Bolsonaro contrariou quatro instrumentos legais: a Constituição Federal, a lei eleitoral, a lei de improbidade administrativa e a lei complementar 64/1990, que trata de situações de inelegibilidade.
 
Talvez isso tudo não seja considerado grande coisa – afinal, ele contraria o país desde que foi eleito...
 
Leia também no Brasil247 e no Valor.

 
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