19/08/2022 às 09h43min - Atualizada em 19/08/2022 às 09h43min

EMPRESÁRIOS, ONDE ALGUNS SÃO BOLSONARISTAS, QUEREM ENCONTRAR LULA.

SE CONTINUAR ASSIM, ATÉ BOLSONARO VOTA EM LULA...


 
Um grupo formado majoritariamente por empresários que apoiaram ou ainda apoiam o Bolsonaro, PL, busca um canal de diálogo com Lula, o ‘superstar’ Lula da Silva, do PT. O motivo? Descobriram que Lula é líder absoluto nas pesquisas de intenção de votos pela conquista do ‘Troféu Palácio do Planalto’... Mas Lula, espertamente, tem se esquivado e escalou o vice Alckmin, PSB, para conversar com os empresários.
 
O Instituto Unidos Brasil, fundado em 2020, defende pautas encampadas pelo empresariado por meio da Frente Parlamentar do Empreendedorismo e promove eventos com políticos, principalmente bolsonaristas. A entidade não tem quadro público de associados, mas entre os “colaboradores voluntários” estão Flávio Rocha (Riachuelo), Alberto Saraiva (Habib’s), José Carlos Semenzato (do setor de franquias) e o ex-PM Washington Cinel (fundador da Gocil). Foram procurados para se manifestar, mas os empresários pularam fora.
 
Entre os apoiadores está, ainda, o empresário Tomé Abduch (do movimento Nas Ruas e candidato a deputado estadual em São Paulo pelo PTB), Salim Mattar (fundador da Localiza e ex-secretário de Desestatização de Bolsonaro, também integra o grupo. Eventos do grupo já reuniram o jurista Ives Gandra Martins, o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno, e a deputada Carla Zambelli (PL-SP).
 
Recentemente, os empresários passaram a fazer acenos a Lula e interlocutores. Animou o grupo o fato de Lula ter prometido, na semana passada, durante evento na FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), uma reforma administrativa no início de um eventual governo, além de ter mencionado a “desoneração da produção”.
 
“Eu acho que Lula, orientado, talvez conversando com seus futuros ministros e principalmente o da Economia, sentiu que a desoneração é uma questão irreversível. Dezessete segmentos foram desonerados, e agora a gente precisa desonerar os demais. O presidente que receber uma herança de 12 ou 13 milhões de desempregados tem de fazer alguma coisa. Eu acho que o Lula acabou voltando atrás, está sendo coerente nas posições, e a gente torce para que ele mantenha isso caso seja presidente”, disse Nabil Sahyoun, presidente do Instituto Unidos Brasil e da Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping.
 
No próximo evento, no dia 1.º de setembro, sobre desoneração da folha salarial, pauta que os empresários querem levar a todos os candidatos à Presidência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, estará presente. Entre os participantes também estará um interlocutor de Lula, o presidente da UGT (União Geral do Trabalhadores), Ricardo Patah.
 
O sindicalista tem tentado convencer Lula a participar de uma sabatina do Instituto Unidos Brasil, em setembro, em um hotel em São Paulo, além de incluir na agenda um encontro reservado com os empresários. Para a sabatina, o convite foi feito por meio de uma carta enviada a Lula no dia 11 de junho, assinada por Sahyoun e pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi. O encontro ocorreria durante a 56.ª convenção nacional do setor. Outros presidenciáveis também foram convidados.
 
No documento, eles propõem que Lula tenha uma fala de dez minutos e, depois, responda a rodadas de perguntas dos empresários. Lula indicou o nome de Alckmin para representá-lo, sob o argumento de que há incompatibilidade de agenda, mas ainda não foi batido o martelo. “Eu falei com o Lula para que ele vá, é importante. Ele tem de estar com a área empresarial, por mais que a área empresarial do comércio seja mais conservadora”, disse Patah ao Estadão. À reportagem, a assessoria de Lula afirmou que ainda não está definido se ele irá, ou não, à sabatina com o setor dos supermercados.
 
Sob a condição de reserva, um dos apoiadores do grupo disse que os empresários procuram Lula em razão da importância de se estar próximo do governo, independentemente do vencedor da eleição deste ano.
 
Sahyoun destacou a importância do diálogo. “O setor empresarial quer dialogar com todos os candidatos, porque um deles vai ganhar. Qualquer um que ganhar e o candidato souber qual é a proposta muito clara que o setor empresarial pretende, fica muito mais aberto para a gente poder trabalhar para ser ministro da Economia, apoiar governo, seja ele qual for, no sentido de reivindicar as pautas que levamos aos candidatos antes das eleições”, disse – mas, vendo essa justificativa de ‘diálogo’, Lula faz bem em pôr um pé atrás...
 
Boa parte dos empresários do Instituto Unidos Brasil teria apoiado Bolsonaro em 2018. Mas, por causa de conflitos (quais? quais? quais?) com o governo, têm provocado um desembarque silencioso. Segundo o Estadão, empresários do setor de supermercados não receberam bem o pedido de Guedes para que “travassem” os preços por dois ou três meses, a fim de conter a alta da inflação.
 
Além da desoneração da folha, há outras pautas que o grupo quer levar a Lula e demais candidatos. “São cinco pautas. A pauta da desburocratização, do custo Brasil, da reforma administrativa, da simplificação tributária e a pauta do ambiente de negócios. Temos debatido com nossos parlamentares, e estamos levando isso à discussão com a sociedade”, afirmou Sahyoun.
 
Mas o discurso dos empresários enfrenta forte resistência nas bases do PT. A reforma administrativa, por exemplo, não é nem sequer citada nominalmente no plano de governo de Lula. De fato, ele e seus apoiadores têm defendido a taxação de grandes fortunas, medida rejeitada por parte do empresariado.
 
Fica a pergunta: quem tem coragem de votar em Bolsonaro?
 
Leia também no Estadão e no Brasil247.
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