Ao contrário do que esperava a equipe da campanha de Jair Bolsonaro, foram as urnas eletrônicas – e não as realizações do governo – o principal assunto da reunião ministerial ocorrida na manhã desta terça-feira, 5, no Palácio do Planalto.
Bolsonaro e sua equipe passam dia e noite pensando em uma coisa única: urna eletrônica. E, quanto mais pensam, não tiram da cabeça que elas só existem para derrotar Bolsonaro – como se fosse necessário algo assim...
O próprio Jair Bolsonaro teve a coragem de falar de suas desconfianças a respeito das urnas eletrônicas e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) logo no início da reunião, que começou às 8h30. A partir daí, ele passou boa parte do tempo se queixando do TSE e dos ministros do Supremo. Segundo relatos de participantes, o tema tomou quase metade do tempo das discussões (e o que mais eles tinham para discutir?). Além de 22 ministros, estavam presentes também os comandantes do Exército e da Aeronáutica – e um representante da Marinha. Numa fala longa, talvez até mesmo exasperada, Bolsonaro disse que "não entende" por que o TSE não aceita as sugestões das Forças Armadas sobre a segurança das urnas eletrônicas e afirmou que, se as eleições não "forem limpas", ele não participará do pleito. Como assim, não participará do pleito? Desistiu de vez? Vai embora do país?
Naturalmente, Bolsonaro não entrou em detalhes, mas sugeriu que a corte eleitoral participa de uma armação contra ele, quando se queixou de que o TSE não aceita "nem perguntas" sobre as urnas. Mas, ao mesmo tempo em que repetia que pretende jogar dentro das "quatro linhas da Constituição", afirmou que só vai aceitar os resultados da eleição se as sugestões das Forças Armadas ao TSE sobre segurança das urnas foram acatadas. "Eu não quero golpe. Quem quer golpe não tenta um acordo", teria dito o presidente, conforme a descrição feita por testemunhas.
Parabéns pela decisão, presidente. Quando se muda para Miami?