20/04/2022 às 17h32min - Atualizada em 20/04/2022 às 17h32min

BOLSONARO PLANEJA UM GOLPE

JÁ SABE QUE ESTÁ DERROTADO


 
A jornalista Vera Rosa, do Estadão, afirma que integrantes das Forças Armadas têm sido consultados sobre o que ocorrerá no Brasil após uma vitória de Lula. "Emissários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm sondado generais da cúpula do Exército. Sem rodeios, querem saber se Lula conseguirá tomar posse, caso seja eleito. A resposta não foge ao script: nada impedirá o vencedor, qualquer que seja ele, de assumir a cadeira no Palácio do Planalto", escreve ela, em sua coluna.
 
Um dos interlocutores de Lula e dos militares de alta patente seria Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa e da Justiça, que também comandou o STF (Supremo Tribunal Federal). “A impressão que fico, nessas conversas, é a de que as Forças Armadas são totalmente legalistas”, disse Jobim a Vera Rosa.
 
Ontem, 19, Bolsonaro admitiu que o general Villas Boas teve participação no golpe de estado de 2016 contra Dilma.
 
Na cerimônia em homenagem ao Dia do Exército, Bolsonaro afirmou que as FFAA "não dão recados" e "sabem" o que é melhor para o povo. "Não podemos jamais ter eleições no Brasil sobre as quais paire o manto da suspeição", discursou. Apesar da frase de efeito, ele condecorou magistrados e até 'elogiou' Luís Roberto Barroso, o ex-presidente do TSE a quem já se referiu como 'filho da puta'.
 
A nova estratégia não convenceu. Diante da retórica golpista de Bolsonaro, há temor no mundo político, jurídico e até na Faria Lima sobre o rumo desse ser presidencial. Com Bolsonaro sempre próximo das polícias militares, pregando compra de armas para enfrentar "um ditador de plantão", qual será a reação de seus discípulos mais radicais se ele for derrotado?
 
Os escândalos e absurdos se sobrepõem de tal forma que ninguém parece mais se recordar do que foi dito ontem. "Tem que comprar fuzil, pô!", chegou a afirmar Bolsonaro, em agosto, para um grupo de apoiadores. Alguém se lembra?
 
Não foi à toa que o TSE convidou observadores internacionais para acompanhar as eleições no Brasil. Bolsonaro não para de pregar o voto impresso, de levantar suspeitas sobre urnas eletrônicas e de xingar magistrados. No auge da crise, em maio de 2020, chegou até mesmo a mandar tropas para o Supremo.
Jobim tentou mais de uma vez, nos bastidores, um acordo entre o PT e o PSDB. Não conseguiu. Antes da disputa de 2018, dizia que, sem esse entendimento, o eleito poderia ser um "Donald Trump caboclo". Foi profético.
Vivemos uma quadra em que todos os demônios se liberaram, como definiu Barroso. Faltam menos de quatro meses para agosto, mês do cachorro louco e do início oficial das campanhas. Mas, ao que muitos observam, o Trump caboclo ainda tem café quente para servir no Planalto.
 
Leia também no Brasil247 e no Estadão.
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