04/04/2022 às 08h10min - Atualizada em 04/04/2022 às 08h10min

​DOSSIÊ PETROBRÁS:

ASSUNTO INFLAMÁVEL...



Os relatórios da diretoria de conformidade da Petrobrás sobre o histórico do executivo Rodolfo Landim e do consultor Adriano Pires teriam assustado o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, e técnicos da Corregedoria Geral da União.
Os motivos que fizeram Rodolfo Landim desistir de ocupar a presidência do conselho da Petrobrás nada tem a ver com a presidência do Flamengo e suas recentes derrotas.
A razão pela qual ele sairá do posto é a mesma pela qual o executivo indicado para presidir a empresa, Adriano Pires, já cogitaria desistir também: os conflitos de interesse provocados pela ligação de décadas com o empresário Carlos Suarez, sócio de oito distribuidoras de gás no Brasil.
 
Landim é amigo de décadas de Suarez e chegou a ser investigado pelo Ministério Público Federal brasileiro por causa de repasses de recursos feitos a contas de Suarez na Suíça, descobertos pelo Ministério Público local na época da Lava Jato.
 
E Pires, que nos últimos dias tem sido pressionado a revelar os clientes para quem presta consultoria, trabalha não apenas para a associação do setor, a ABEGÁS, mas também para os negócios de Suarez e para a COMPASS, distribuidora do empresário Rubens Ometto.
Embora Pires argumente não dar declarações à imprensa por estar em período de silêncio, todo o mercado sabe (e ele mesmo não esconde) para quem ele trabalhou nos últimos anos.
Como cliente, Suarez tem uma série de interesses na Petrobrás. O mais imediato tem a ver com a negociação de um acordo bilionário entre a distribuidora no Amazonas de que ele é sócio, a CIGÁS, e a petroleira.
Os setores jurídicos das duas companhias estão negociando há meses um acordo para encerrar todos os litígios entre as duas empresas.
Embora não haja estimativa formal dos valores envolvidos, fontes familiarizadas com as questões em discussão estimam que não serão menores do que R$ 1 bilhão e podem chegar a até R$ 8 bilhões.
 
Depois que Pires foi indicado, acionistas minoritários passaram a se articular para indicar mais conselheiros e o Ministério Público no Tribunal de Contas da União entrou com uma representação propondo que Pires não assumisse o comando da companhia antes de uma investigação sobre os conflitos.
Com a pressão se intensificando, Landim e Pires obviamente devem perceber a roubada em que estão se metendo, que têm mais a perder do que a ganhar ocupando seus postos na Petrobrás.
Na empresa, aliás, os dois, mais o executivo Eduardo Karrer, incluído na mesma lista de conselheiros publicada por Bolsonaro, ganharam o apelido de trio Suarez. Karrer não tem ligação conhecida com Suarez, mas é amigo de Landim, com quem trabalhou no grupo X, de Eike Batista.
 
Os relatórios da diretoria de conformidade da Petrobras sobre o histórico do executivo Rodolfo Landim e do consultor Adriano Pires assustaram o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, e técnicos da Corregedoria Geral da União.
Segundo apontaram os documentos, os dois teriam dificuldades em passar pelos critérios do comitê interno que vai avaliar se eles têm ou não condições de ocupar os postos indicados.
O comitê se reúne na próxima terça-feira, 5, para analisar um relatório e preparar um parecer a ser enviado aos acionistas que vão deliberar no dia 13 (olha o PT aí...) sobre as indicações de Bolsonaro.
 
Nesse parecer, o comitê precisa resumir as conclusões das investigações, conhecidas internamente como "Background Check de Integridade", ou BCI.
Landim, que é presidente do Flamengo, foi indicado pelo presidente Bolsonaro para presidir o conselho da empresa, mas desistiu ontem de pleitear o posto – perigo de fazer gol contra...
 
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