29/03/2022 às 08h04min - Atualizada em 29/03/2022 às 08h04min

BOLSONARO É O RESPONSÁVEL PELA ALTA DO COMBUSTÍVEL

É O QUE DIZ O DATAFOLHA

 
Na terça, 22, e na quarta, 23, o Datafolha entrevistou 2.556 eleitores (margem de erro de 2 pontos, para mais ou para menos) em 181 cidades de todo o país. E o resultado arrasa Bolsonaro. Para 68% dos brasileiros, o governo de Jair Bolsonaro tem responsabilidade pela alta no preço dos combustíveis.
Para 39%, a gestão bolsonarista tem muita responsabilidade pelo aumento da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. Outros 29% consideram que o governo tem ao menos um pouco de responsabilidade. Menos de um terço (30%) não considera que o governo tem responsabilidade.
 
Essa é uma das maiores preocupações do governo. Bolsonaro vê sua reeleição indo por água abaixo, graças, principalmente, ao aumento dos combustíveis, com reajustes, cada vez mais altos. Isso tem gerado pressão dentro do governo por uma solução para amenizar o preço para o consumidor final – devia ter se preocupado há muito mais tempo...
 
No Datafolha, quando se avalia a preferência política do entrevistado, a percepção da responsabilidade do governo pelos aumentos dos combustíveis sofre alterações.
Quem declara intenção de votar em Bolsonaro está dividido. Nesse grupo, 54% acreditam que o governo tem responsabilidade, o percentual mais baixo ao considerar a intenção de voto. Nessa fatia, 44% acreditam que a responsabilidade é pouca, e apenas 14% dizem que o governo tem muita responsabilidade.
 
43% dos que se declaram eleitores de Bolsonaro afirmam que o atual governo não tem nenhuma responsabilidade pelo aumento no preço dos combustíveis — percentual mais alto entre os que isentam o governo.
 
Quem declara intenção de votar em candidatos da chamada terceira via está no grupo mais crítico ao governo. Entre os que avaliam votar em Ciro Gomes (PDT), 87% põem responsabilidade no governo Bolsonaro pela alta do preço, sendo que 54% dizem que é muita a responsabilidade.
 
Entre os que avaliam votar em Sérgio Moro (PODEMOS), 79% afirmam que o atual governo tem muita responsabilidade, com 46% afirmando que é muito responsável.
 
Entre os eleitores que declaram preferência por João Dória (PSDB), 71% dizem que o governo tem responsabilidade, sendo que 41% avaliam que é muita.
 
No grupo que declara votar em Lula, 71% também acreditam que o governo tem responsabilidade, mas esse grupo vê uma responsabilidade maior do governo: 51% avaliam que a gestão de Bolsonaro tem muita responsabilidade.
A maior parte considera que o governo tem muita responsabilidade no aumento de preço de gasolina, diesel e gás de cozinha
 
Grau de responsabilidade do governo Bolsonaro na alta dos combustíveis:
 
  • Muita responsabilidade 39%
  • Um pouco de responsabilidade 29%
  • Nenhuma responsabilidade 30%
  • Não sabe 2%
 
A percepção de que o governo tem responsabilidade pela alta do preço dos combustíveis
é maior no Sul. No Nordeste, a maior parte acredita que o governo tem muita
responsabilidade e, no Centro Oeste/Norte, um terço vê pouca.
 
Pela religião, os católicos acompanham a média, mas a atenção é na posição de outros grupos religiosos.
Entre os evangélicos, segmento que tem muitos bolsonaristas, 64% acreditam que o governo tem responsabilidade, contingente abaixo da média.
Entre os espíritas, no entanto, 82% declaram que o governo tem responsabilidade, sendo que 61% dizem que é muita.
 
Por região, o Sul é o mais insatisfeito, com 72% dizendo que o governo tem responsabilidade na alta dos combustíveis.
O Nordeste acompanha a média, mas a maior parte, 42%, acredita que o governo tem muita responsabilidade.
 
Há oscilações importantes também quando se avalia as respostas por ocupação.
Entre assalariados que não têm careira assinada, 74% dizem que o governo tem responsabilidade no aumento dos combustíveis, com 43% afirmando ser muita.
Para os funcionários públicos, 73% avaliam que o governo tem responsabilidade, sendo que 43% dizem ser muita.
 
Entre os desempregados que desistiram de procurar emprego, 72% acreditam que o governo tem responsabilidade, sendo que 46% dizem que é muita.
 
Quem atua de forma mais independente tem uma visão diferente.
Entre os empresários, 65% dizem que o governo tem responsabilidade, um percentual abaixo da média. Entre eles, 35% dizem que é um pouco e 30%, muita. Outros 35% afirmam que o governo não tem responsabilidade.
 
No caso de autônomos e profissionais liberais, 66% dizem que o governo tem responsabilidade, sendo que 38% afirmam ser muita e 28%, um pouco. Outros 33% afirmam que o governo não tem responsabilidade.
 
Obviamente, Bolsonaro está eleitoralmente preocupado com as repercussões negativas do aumento de preços de combustíveis. Ele atacou governadores durante meses, alegando que o ICMS (imposto estadual) ajudava a elevar o preço na bomba. Nesta segunda, em puro desespero, Bolsonaro demitiu o general Joaquim Silva e Luna do comando da Petrobrás.
 
O preço do barril de petróleo e derivados está sob grande pressão. Durante a pandemia, despencou, quando o isolamento social limitou o trânsito das pessoas em escala global – o valor do óleo e do gás tornou-se instável. A coisa piorou com a invasão da Ucrânia pela Rússia, e com a escalada de sanções contra o país de Putin.
 
Mas certamente nada é pior para o dia a dia de um país do que ter um Bolsonaro como presidente.
 
Leia também na Folha e no Brasil247.
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