Os aliados de Bolsonaro avaliam que as políticas defendidas por Paulo Guedes, ministro da Economia, podem tirar votos do candidato à reeleição em 2022 e defendem ‘esconder’ o ‘chefão da economia’ durante a campanha. Além disso, temem declarações polêmicas de Guedes, como quando falou recentemente que “há mais iPhones no Brasil do que população”, segundo reportagem de Marianna Holanda, Julia Chaib e Fábio Pupo, na Folha.
"A indefinição tem afastado Guedes de debates públicos ao lado de assessores econômicos de outros pré-candidatos sobre as políticas a serem adotadas pelo país nos próximos quatro anos", acrescentam os jornalistas. Depois de praticamente quatro anos de aprofundamento do choque neoliberal iniciado por Michel Temer, o Brasil não cresceu, o desemprego não cedeu e a inflação voltou com força total, reduzindo o poder de consumo dos brasileiros.
Muitas vezes Guedes acaba defendendo seu posicionamento praticamente sozinho – e acumula desgastes com a própria equipe em meio às discussões. O maior exemplo disso foi a debandada de integrantes do Ministério da Economia no ano passado em meio ao drible no teto de gastos para acomodar o pagamento dos precatórios e um Auxílio Brasil de no mínimo R$ 400 (Guedes era contra inicialmente, mas acabou cedendo).
Paulo Guedes continua demonstrando admiração por Bolsonaro e diz que sempre estará, obviamente, ao lado "da centro-direita" nos embates com a esquerda. Mas os problemas acumulados ao longo do mandato fizeram o ministro criar, desde o fim do ano passado, uma espécie de demanda para avaliar sua eventual continuidade. Ele tem demonstrado que precisa sentir apoio à sua agenda liberal para poder prosseguir ao lado do chefe. Ou seja, coloca em dúvida sua permanência, caso sinta que suas propostas serão deixadas de lado. Aliás, foi bem claro na entrevista à TV Jovem Pan News no mês passado. Disse que só ficaria mais quatro anos no governo se sentisse entusiasmo.
"É o que eu digo do entusiasmo. Se você tem a crença dentro, bate no peito. Se essa aliança de conservadores e liberais está seguindo, você está entusiasmado. Agora, se for um governo só conservador e não tiver...", afirmou, sem completar a frase. "Eu acredito no presidente Bolsonaro, acho que ele quer o caminho da prosperidade. Agora, há atrativos, há entornos, tem gente que quer desviá-lo, tem gente que acha que as estatais são boas, que Correios, Casa da Moeda, Petrobras têm que ficar com governo mesmo", disse. "Se trocar dirigismo de esquerda para dirigismo de direita, a gente conhece as experiências históricas e o que vai acontecer", afirmou.
Nota-se que Guedes defende com unhas e dentes suas ideias e Bolsonaro sonha ser reeleito. Felizmente, Lula avança lá na frente...