08/02/2022 às 07h57min - Atualizada em 08/02/2022 às 07h57min

BOLSONARO DÁ O TROCO A BIDEN.

O GLOBO REAGE.


 
Vamos ser honestos. Com razão ou sem razão, Bolsonaro tem sido humilhado entre os bambambans do mundo ocidental. É um Zé Ninguém ou pior. Muito pior ainda é que o Brasil é que é humilhado. Aliás, vamos corrigir: eu, você, a velhinha apressada que precisa garantir o café da manhã, todos nós temos sido humilhados na figura de Bolsonaro. Ele pode até ser um nada. Mas o Brasil não é. E somos todos nós que temos que reagir. Por isso, Bolsonaro está corretíssimo. Biden et caterva que se danem. Vamos lá encontrar Putin. Vamos expandir nossas fronteiras, ampliar os horizontes. A melhor prova de que Bolsonaro agiu certo é o editorial do Globo de hoje, que você pode ler mais abaixo.
(Meu Deus, quem diria que um dia apoiaria Bolsonaro...)
 

EDITORIAL
Bolsonaro deveria adiar visita à Rússia
Por Editorial
08/02/2022 • 00:00
Vladimir Putin | AFP
Com mais de três anos de governo, tanto críticos de Jair Bolsonaro quanto seus seguidores provavelmente concordam que ele não é afeito à diplomacia, nem se importa em ser inconveniente. Essas duas características — vistas por uns como defeitos, por outros como qualidades — estão evidentes agora que o presidente prepara uma viagem a Moscou. Programada para os dias 14 a 17, a visita está prevista para um momento de enorme tensão entre, de um lado, a Rússia e, do outro, Estados Unidos e seus aliados da OTAN (Organização do Tratado do Alântico Norte ). É iminente o risco de invasão militar russa da Ucrânia.
A diplomacia americana já deu seu recado: é contra a viagem neste momento. Europeus também não veem razão no encontro de Putin com Bolsonaro. Este insiste em dizer que a visita se restringirá às discussões sobre as relações bilaterais. Fala o óbvio. É evidente que a diplomacia brasileira deve manter sua independência em relação a todos os atores no conflito. E que existe uma agenda comum a explorar com a Rússia, país de características semelhantes ao Brasil com quem mantemos relações tímidas diante das possibilidades. Também está claro que o presidente do Brasil não deve tentar influir no conflito internacional em curso.
O que Bolsonaro não leva em conta é o contexto. Um autocrata como Vladimir Putin na certa tentará usar o encontro para passar a imagem de que não tem somente a China ao seu lado. Seria péssimo para o Brasil, país a que os Estados Unidos conferiram o status de aliado militar fora da Otan, que pleiteia um lugar na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e cuja proximidade de americanos e europeus tem lastro histórico e cultural.
Numa situação assim, melhor seria adiar a viagem. Numa data mais à frente, o Brasil ganharia duplamente. Primeiro, Bolsonaro encontraria Putin; ministros e empresários dos dois países falariam de acordos e negócios. Segundo, dois de nossos maiores marceiros, Estados Unidos e União Europeia, não ficariam contrariados.
A insistência de Bolsonaro em manter a viagem não se justifica com base no interesse nacional. A Rússia não está entre os nossos dez principais mercados. O Brasil vende mais para países da América Central e Caribe. Embora importante na compra de alguns produtos, nada sugere que a Rússia pase de repente a figurar como referência para os exportadores brasileiros nos próximos anos.
A explicação mais provável para Bolsonaro manter a viagem é um cálculo político. As imagens dele isolado na reunião do G20 em Roma, no ano passado, não deixam dúvida sobre quanto ele é desprezadona comunidade internacional. Não há registro recente de uma humilhação tão grande ao chefe de Estado de um país do tamanho do Brasil.
O encontro com Putin, depois com o autocrata húngaro Viktot Orbán, seria uma maneira de Bolsonaro mostrar que não está tão radiativo no cenário internacional. É uma estratégia que só tem cabimento para o núcleo duro do bolsonarismo, com sua inclinação contumaz por regimes de extrema direita e líderes de perfil antidemocrático. Mais uma vez, Bolsonaro prefere seus interesses eleitorais ao que seria melhor para o país.
Numa situação assim, melhor seria adiar a viagem. Numa data mais à frente, o Brasil ganharia duplamente. Primeiro, Bolsonaro encontraria Putin; ministros e empresários dos dois países falariam de acordos e negócios. Segundo, dois de nossos maiores parceiros, Estados Unidos e União Europeia, não ficariam contrariados.
A insistência de Bolsonaro em manter a viagem não se justifica com base no interesse nacional. A Rússia não está nem entre os nossos dez principais mercados. Em 2021, o Brasil vendeu mais para os países da América Central e Caribe. Embora importante na compra de alguns produtos, nada sugere que a Rússia passe de repente a figurar como referência aos exportadores brasileiros nos próximos anos.
A explicação mais provável para Bolsonaro manter a viagem é um cálculo político. As imagens dele isolado na reunião do G20 em Roma, no ano passado, não deixam dúvida sobre quanto ele é desprezado na comunidade internacional. Não há registro recente de uma humilhação tão grande ao chefe de Estado de um país do tamanho do Brasil.
O encontro com Putin, depois com o autocrata húngaro Viktor Orbán, seria uma maneira de Bolsonaro mostrar que não está tão radiativo no cenário internacional. É uma estratégia que só tem cabimento para o núcleo duro do bolsonarismo, com sua inclinação contumaz por regimes de extrema direita e líderes de perfil antidemocrático. Mais uma vez, Bolsonaro prefere seus interesses eleitorais ao que seria melhor para o país.
 
O Globo
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Daqui&Dali Publicidade 1200x90