06/02/2022 às 10h44min - Atualizada em 06/02/2022 às 10h44min

ESTADÃO VIROU DE EXTREMA ESQUERDA?

DIZ QUE LULA É INIMIGO DA ESQUERDA...


 
O editorial de hoje do Estadão sobre o avanço de Lula e do PT é uma peça de humor que deveria ser aproveitada pelos nossos programas humorísticos. Supera com folga “TV Pirata”, “Sai de Baixo”, “Chico Anysio”, “Viva o Gordo”, “A Grande Família”, “A Praça é Nossa”, “Professor Raimundo”, “Os Trapalhões” e por aí vai.
 
O título, aliás, diz tudo: “O mal que Lula faz à oposição”... Pode isso, Berta? Que oposição é essa do Estadão?

 
O mal que Lula faz à oposição
 
O PT é inimigo da esquerda democrática e responsável. Com sua pretensão de hegemonia, dificulta e, muitas vezes, inviabiliza o debate de políticas mais séria à esquerda
 
06/fev/2022/03h00
 
Segundo o conto lulopetista, Lula seria o grande líder da esquerda brasileira, aquele que, nas últimas décadas, mais teria contribuído para o fortalecimento da chamada causa progressista no País. De acordo com a anedota, o ex-sindicalista encontrou resistência nos setores conservadores da sociedade, mas sua trajetória política seria a realização plena do sonho da esquerda: o operário que chega ao poder e transforma os caminhos da população. Nesse enredo, Lula seria o grande adversário da direita e o grande amigo da esquerda.
 
É fato que Lula, especialmente depois de forjar a desumana e antissocial divisão do País do "nós contra eles" e subverter a moralidade pública, encontrou e encontra forte oposição em parte considerável da população. Seria equivocado, no entanto, imaginar Luiz Inácio Lula da Silva como o grande benfeitor da causa da esquerda, tal como narra o conto lulopetista. A atuação do líder petista faz muito mal também à própria esquerda, submetendo-se a interesses particulares e impedindo sua livre organização e modernização.
 
Caso paradigmático é a contribuição de Lula para a permanência de Jair Bolsonaro no poder. Quando parcela significativa da população - especialmente, o eleitorado mais à esquerda -, indignada com a atuação do governo federal na pandemia, passou a pedir o impeachment de Bolsonaro, o PT fez mero jogo de cena. A omissão de Lula foi, no mínimo, incompatível com sua pretensa função de "grande liderança da esquerda". Como se diz, o ex-sindicalista ficou na moita. Não fez nenhum movimento que pudesse acarretar eventual inelegibilidade de Bolsonaro. Afinal, sem o ex-capitão na corrida eleitoral, Lula teria muito mais dificuldade em sua campanha para voltar ao Palácio do Planalto.
(pausa para uma gargalhada Daqui&Dali...)
 
Dessa forma, quando muitos perguntam como foi possível que a nefasta atuação de Jair Bolsonaro na pandemia não tenha levado ao impeachment do presidente, é preciso advertir a ajuda especial de Luiz Inácio Lula da Silva ao ex-capitão. O PT contribuiu para o Congresso permanecer alheio ao tema.
 
Vale lembrar também que Lula - que agora procura expandir os contornos de sua candidatura, fazendo tratativas com políticos mais à direita - proibiu expressamente Fernando Haddad de fazer movimento similar em 2018, até mesmo no segundo turno. Na prisão em Curitiba, Lula não trabalhou pela vitória da esquerda, mas exclusivamente por sua causa pessoal.
 
Tudo isso, que talvez escandalize pessoas mais jovens, não é nenhuma novidade. A história do PT sempre foi a tentativa de submeter o campo da esquerda à sonhada hegemonia de Luiz Inácio Lula da Silva. Essa pretensão provocou muitos atritos e rupturas. É fato notório que muita gente, ligadas à origem da legenda, se frustrou profundamente com as práticas e rumos adotados pelo PT.
 
Mas o mal que Lula faz à esquerda transcende os limites de seu partido. Tal pretensão de  hegemonia abastardou o debate e a articulação de propostas políticas sérias mais à esquerda. Muitas vezes, a discussão de ideias e projetos no chamado campo progressista - tão necessária para uma democracia plural e madura - ficou inviabilizada pela atuação de Lula e de sua legenda, que, incapazes do diálogo, não tinham maiores pudores em impor seus interesses.
 
A campanha de desinformação do PT em 2014 contra a então candidata do PSB à presidência da República. Marina Silva, é apenas um exemplo, entre muitos, de como Lula trata quem é de esquerda, mas não lhe presta vassagem. Diante disso, compreende-se o fenômeno que se vê neste início de ano: a resistência de políticos com um pouco mais de experiência, que já sentiram o modus operandi lulopetista, a apoiar a pré-candidatura de Lula.
 
A rigor, não é a direita que sofre com Lula. Quem mais padece e se vê tolhido pelo lulopetismo é o próprio campo da esquerda democrática e responsável, que, entre outros danos sofridos, se torna invisível para grande parte da população, ofuscado por um político parado no tempo que só se ocupa de si mesmo.
 
Leia logo abaixo (enquanto isso, a equipe Daqui&Dali rola pelo chão de tanto rir...)
 
 
Todos querem Lula
Há claros indícios de que a opção é manter Bolsonaro para que ele enfrente e seja derrotado pelo petista em outubro
05/02/2022 - 03:30
 
 
Cada vez mais, grandes e distintos contingentes da sociedade brasileira parecem ter optado por Lula em 2023. Até dois meses atrás, ainda se ouvia aplausos a Bolsonaro em escritórios e auditórios da Faria Lima, em São Paulo. Antes do ano passado terminar, era possível identificar apoios sinceros ao presidente em alguns nichos do agronegócio mais moderno. No Congresso, os suportes ideológicos que obteve foram estridentes até o sete de setembro. Mesmo no Judiciário, Bolsonaro contou com alguns simpatizantes declarados. Hoje, iniciado o ano eleitoral, o silêncio é dominante. Mais do que isto, há claros indícios de que a opção é manter Bolsonaro no páreo para que a vitória seja de Lula.
 
A blindagem em torno de Bolsonaro nos tribunais superiores e mesmo no Congresso é o mais evidente sinal de que preservar o mandato do presidente significa ajudar a consolidar a candidatura de Lula. Explico. Entre os parlamentares, todos sabem muito bem como é fácil e vantajoso trabalhar com Lula. O ex-presidente sabe dividir poder e compartilhar responsabilidades. Com Bolsonaro foi um parto. Ele só cedeu quando a casa já estava caindo. E, mais, o presidente não é confiável. Nunca foi, e os parlamentares que conviveram com ele por 30 anos sabem disso. Se fosse reeleito, poderia facilmente trair sua base. Para o Congresso, Ciro mete medo, Moro é uma incógnita e a terceira via não existe. Por isso, o melhor mesmo e o viável é Lula.
 
No Supremo Tribunal Federal, pelo menos sete ministros também trabalham com a certeza que o melhor a fazer é deixar este ano escorrer, com Bolsonaro na cadeira, mesmo que seja sofrido e cause ainda alguns danos à sociedade. Dois deles, André Mendonça e Nunes Marques, foram indicados por Bolsonaro e ainda vivem o período de lua de mel com o presidente e vão defendê-lo com a tranquilidade dada pela boa vontade dos demais. Os outros cinco expressam esta opinião com alguma reserva, mas nos bastidores admitem que a blindagem que os tribunais fazem em torno de Bolsonaro não significa respeito ou apoio ao presidente. O que se quer é manter Bolsonaro no cargo para que ele enfrente e seja derrotado por Lula em outubro.
 
Fora Luiz Fux, que preside o tribunal, e desta posição o melhor é não fazer muito barulho; Rosa Weber, que se ampara sempre em seu dogmatismo; Alexandre de Moraes, relator dos casos que envolvem o presidente e sua família; e Cármen Lúcia, que não gosta e não participa de conversas paralelas, os demais estão convencidos de que Lula vence a eleição talvez ainda no primeiro turno se a candidatura de Bolsonaro for mantida. Para isso, seu mandato não pode ser interrompido e seus direitos políticos devem ser por ora preservados. O ajuste de contas virá depois, quando o capitão voltar para a planície.
 
Leia também no Estadão e Brasil247.


 
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