26/01/2022 às 17h21min - Atualizada em 26/01/2022 às 17h21min

DEUS É DE ESQUERDA OU DE DIREITA?

A UNIVERSAL QUER QUE ELE SEJA REAÇA...



As eleições estão chegando e a Igreja Universal e a Record ampliam o trabalho de tentar demonizar os candidatos de esquerda. Eles esquecem de transmitir o óbvio: se Deus é Deus, não pode ser nem de esquerda nem de direita.
 
O que a Universal transmite acima de tudo é que defende candidatos da direita, acreditem ou não acreditem em Deus. Mostra-se mais “materialista” do que os “materialistas” que ela combate.
 
A Universal publicou esta semana no site da Igreja um texto que tenta explicar ao leitor "porque um cristão de verdade não pode nem deve compactuar com ideias esquerdistas". A publicação lista cinco supostas diferenças entre a forma de pensar de uma pessoa cristã e uma de esquerda, defendendo a ideia de que são incompatíveis.
 
O texto encerra com uma frase do bispo Renato Cardoso, genro de Edir Macedo, fundador da igreja: "Se você se diz cristão e ainda vota na esquerda, há apenas duas possibilidades: ou você não segue realmente os ensinamentos do cristianismo ou os segue e ainda não entendeu o que a esquerda é verdadeiramente". Mas isso é o bastante para entender o que esse ramo da igreja entende sobre a relação entre política e religião. E para demonstrar o oportunismo político no uso da religião.
 
Mas o mais curioso é lembrar que a Universal deu apoio aos dois governos de Lula e ao primeiro governo de Dilma, do PT. Entre 2012 e 2014, na gestão de Dilma, o então senador Marcelo Crivella, sobrinho de Macedo, foi ministro da Pesca. A aproximação com Bolsonaro só começou em 2018, durante a campanha eleitoral que elegeu Bolsonaro. Macedo apoiou a sua eleição e tem defendido o governo de forma quase incondicional. Em setembro de 2019, ele abençoou Bolsonaro no Templo de Salomão e disse: "Vamos continuar orando pelo nosso presidente. A mídia toda é contra ele. E eu sei o que é isso. Porque nós vivenciamos o inferno da mídia, das pancadarias dela, porque ela é imprensa marrom". Nestes últimos anos, a igreja manifestou discordância aberta do governo em duas situações. Em maio do ano passado, criticou a inação do Ministério das Relações Exteriores durante a crise enfrentada pela instituição em Angola. E tem dados seguidos sinais de apoio às campanhas de vacinação contra Covid, apesar do antivacinismo de Bolsonaro. Os telejornais da Record também têm criticado a política econômica, culpando o ministro Paulo Guedes, mas poupando Bolsonaro.
 
O Republicanos, ligado à Igreja Universal, faz parte do Centrão, que dá sustentação ao governo Bolsonaro. Um deputado do partido, João Roma, BA, é desde o ano passado ministro da Cidadania, pasta que concentra ações e programas de alcance social, como o auxílio emergencial e o Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família).
 
Os ataques à esquerda se intensificaram em 2021. Em setembro do ano passado, após os atos antidemocráticos promovidos por Bolsonaro no Dia da Independência, o jornal da Igreja Universal publicou um editorial criticando a cobertura da imprensa. "É que jornalistas e intelectuais em geral aprenderam a enxergar a realidade social sob a ótica do marxismo", dizia o texto, citando um sociólogo.
No mês seguinte, o "Jornal da Record" deu início à exibição de uma série de reportagens em que acusa, sem provas, o PT e seus dirigentes de terem sido financiados pelo narcotráfico. A fonte das reportagens foi uma jornalista espanhola, segundo o PT, "conhecida por espalhar fakenews e teorias conspiratórias na Europa". Após cinco matérias exibidas em três semanas, o partido entrou com uma ação de calúnia e difamação contra a emissora.
 
Ô, Universal - para com isso, que Deus castiga...
 
 
Leia também no UOL e no Brasil247.

 
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