O Eurasia Group, de Ian Bremmer, é 'apenas' a maior consultoria de riscos do mundo. Ela aponta o que é bastante óbvio para olhos minimamente atentos: a escolha de Geraldo Alckmin como vice é um claro sinal para os mercados.
Em seu relatório sobre os grandes riscos globais previstos para 2022, o Eurasia dedicou um capítulo ao Brasil, ajudando a desfazer mitos que circulam sobre um possível risco-Lula. Segundo a empresa, uma vitória de Lula não representa risco algum para a economia e para os chamados "mercados". Ela também destaca que a escolha do ex-governador Geraldo Alckmin como vice é um claro sinal de moderação, indicando que não haverá rupturas. O relatório ainda afirma que a democracia brasileira estaria consolidada e que, embora Bolsonaro possa tentar tumultuar o processo eleitoral, os militares não embarcariam com ele em uma aventura autoritária. É uma visão que contrasta, por exemplo, com a coluna desta terça-feira de Miriam Leitão, que diz que a grande incerteza que há no Brasil diz respeito a que tipo de armação Jair Bolsonaro fará para tentar se manter no poder.
A análise do Eurasia Group também detona a visão do economista Joel Pinheiro, que em artigo publicado na Folha de S. Paulo nesta terça-feira, 4, tenta colocar dúvidas sobre "que Lula teremos depois da vitória" nas urnas em 2022.
O relatório do Eurasia Group divide-se em: 1. Covid contínua 2. Mundo tecnopolar 3. Provas intermediária 4. Mundo chinês 5. Rússia 6. Irã 7. Dois passos à frente, um passo atrás 8. Terras desertas 9. Corporações perdendo as guerras culturais 10. Turquia
Segundo o Eurasia Group, baixo crescimento, inflação alta e crescimento desigual intensificarão a frustração do povo com os governos e fortalecerão a instabilidade política para um nível que não vemos desde os anos 90. Isso se refletirá em um voto de oposição (Brasil, Argentina) e política heterodoxa (Turquia). Este ano será extraordinário para a política no Brasil. A popularidade de Bolsonaro desabará, enquanto a economia piora, fazendo de Lula o favorito nas próximas eleições. Tanto preocupações de que a democracia brasileira está em risco ou de que Lula faça um governo radical de esquerda levando a uma crise de confiança financeira estão fora de questão – conforme todos nós estamos lulistas de saber...
