23/12/2021 às 08h42min - Atualizada em 23/12/2021 às 08h42min

​ATÉ MERVAL APOIA LULA

ALCKMIN COMO VICE SERÁ IMPORTANTE

 
Merval Pereira, ninguém tem dúvidas. Ele é o próprio pensamento do grupo Globo, talvez o mais à direita, quem sabe. Sua coluna no jornal Globo é uma referência, e a edição de hoje, 23/dezembro, é exemplar. Ele trata da escolha de Alckmin como vice de Lula – e o próprio título do texto parece meio ofensivo: “Sem gosto”. Mas poderia, em vez disso, ser “Lula vencerá e fará excelente governo”. Leia:
 
SEM GOSTO
Merval Pereira
A estratégia do ex-presidente Lula de chamar o ex-tucano Geraldo Alckmin para seu vice aparentemente é boa para dar a sensação ao eleitorado de centro-direita de que seu eventual terceiro governo não será radical. Mas qual é a garantia de que Alckmin representará o grupo político que o apoiava? Qual será o papel dele num governo petista?
 
A aparência, porém, é diferente da realidade. Sempre houve composições partidárias heterodoxas na recente política brasileira, mas sempre a composição tinha o objetivo de melhorar a governança do eleito, fossem eles os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso ou Lula, pois ambos fizeram composições com consequências claras. Até mesmo Tancredo Neves foi buscar na dissidência da Arena seu vice, a fim de poder governar.
O então presidente da Arena, José Sarney, rebelou-se contra o governo militar do general João Figueiredo e levou consigo para a Frente Liberal um grupo de políticos de peso que deu a vitória a Tancredo no Colégio Eleitoral. Sarney acabou presidente da República com a morte de Tancredo. Com o Plano Real, Fernando Henrique poderia ter vencido a eleição sem o apoio do PFL, mas, para governar, foi buscar no maior partido de direita na ocasião seu vice, Marco Maciel.
 
Com a união de PSDB com o PFL, considerada um escândalo à época, formou-se um governo de coalizão que deu ao Plano Real um apoio parlamentar que não haveria se o PSDB não tivesse a visão de futuro que possibilitou a sustentação às medidas necessárias para sua implementação e consolidação. Mesmo Lula, quando, em 2003, chamou o empresário José Alencar para compor sua chapa, pensava mais longe, no apoio do PL a seu governo.
Ali começaram os acordos políticos que vieram desaguar no mensalão, pois o PL, então presidido pelo mesmo Valdemar Costa Neto que hoje é apoiador “incondicional” do presidente Bolsonaro, negociou com o futuro ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, um financiamento para aderir à chapa de Lula. Da mesma maneira, a candidata do PT à sucessão de Lula, a ex-presidente Dilma Rousseff, entregou-se ao MDB de Michel Temer para poder governar e acabou derrotada pelo próprio vice no impeachment que o levou à Presidência da República.
 
Em todos esses casos, a Vice-Presidência foi dada a um político que levava consigo um partido importante que daria governabilidade ao eleito. Até mesmo Bolsonaro, levando o general Hamilton Mourão para a Vice-Presidência, tinha um objetivo claro: garantir o apoio militar a seu governo. Não era um partido político, mas o “partido militar” que Mourão representava.
 
 
Merval está certo. Lula está fazendo um excelente trabalho para o Brasil se livrar de Bolsonaro - e de sua ameaça fascista...
 
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