20/12/2021 às 07h14min - Atualizada em 20/12/2021 às 07h14min

BORIC VENCEU.

VIVA CHILE, MIERDA.

 

Gabriel Boric, esquerdista, de 35 anos, tornou-se, neste domingo, 19, o presidente mais jovem da história do Chile. É um país com grandes desigualdades sociais e ele quer resolver isso promovendo um Estado de bem-estar social.
 
A vitória de Boric sobre a extrema-direita, com mais de 11 pontos de diferença, foi imediatamente reconhecida pelo adversário Kast e teve os melhores votos do atual presidente, o conservador Sebastián Piñera, em uma ligação tradicionalmente transmitida em todos os canais de televisão.
Boric vai liderar um país que redige sua nova Constituição em uma Convenção Constituinte, criada após os protestos sociais de outubro de 2019.
Também terá que lidar com a crise econômica que resultou das restrições criadas para o combate à pandemia do coronavírus.
 
A mãe de Boric, Maria Soledad Font, diretamente da terra natal, Punta Arenas, a cerca de três mil quilômetros ao sul da capital Santiago, declarou à AFP:
— Percebi que para Gabriel isso era um apostolado e parei de brigar. Para mim, isso é pisar em pedras o tempo todo. Queria uma vida mais confortável, mais clássica para ele.
 
Ela lembra que o antigo quarto de Boric já trazia na parede frases como: "Sejamos realistas, façamos o impossível" e "a razão faz a força". As mensagens ainda estão nas paredes do quarto, no segundo andar da casa de seus pais.
 
— Somos os herdeiros daqueles que lutaram para fazer do Chile um país mais justo e digno — argumentou em seu discurso de encerramento de campanha, quando propôs um país voltado para a melhoria dos direitos básicos de uma população que sofre com graves desigualdades, após seguir por 31 anos o modelo neoliberal imposto durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
 
MUDAR PARA AVANÇAR
 
Boric diz que ainda "tem muito a aprender", por isso quer aproveitar a "experiência" de ex-presidentes que criticou quando era líder estudantil e deputado, entre eles os socialistas Ricardo Lagos (2000-2006 ) e Michelle Bachelet (2006-2010; 2014-2018). Teve, obviamente, o forte apoio de ambos nas últimas semanas.
Sua transformação política anda de mãos dadas com uma mudança de aparência. Pouco resta do jovem barbudo e despenteado que chefiou a Federação dos Estudantes da Universidade do Chile (FECH) e que em 2014, aos 27 anos, assumiu seu primeiro mandato como deputado. Hoje ele usa paletó e camisa, cabelo mais curto, barba bem cuidada e óculos.
 
Garantir direitos
Boric nasceu na cidade austral Punta Arenas, em uma família de classe média de bisavós croatas e catalães. Ele é o mais velho de três irmãos e se mudou para Santiago para estudar Direito na Universidade do Chile, mas ainda não se formou.
Na campanha eleitoral, pediu que "a esperança vença o medo" diante das críticas que o classificam como "extremista" por sua aliança com os comunistas.
Leitor ávido, diz que poesia e história o relaxam. Solteiro e sem filhos, tem um relacionamento de quase três anos com a cientista política Irina Karamanos.
Os adversários alegam que ele não tem experiência para liderar um governo e teve posições mais extremas o passado, pelas quais ele já se desculpou ou declarou que foram um erro.
— Nossa geração irrompeu na política em 2011, livrando-se um pouco dos medos que a ditadura havia gerado e dos pactos da transição — disse ele em entrevista à AFP antes do primeiro turno.
Sua fala se referia à Concertación, coalizão de centro-esquerda que, desde 1990, governou boa parte dos 31 anos de democracia, e hoje jaz desintegrada, desprestigiada como reflexo da crise de confiança institucional, mas que no segundo turno o apoiou.
 
Boric afirmou que, como presidente, quer "garantir um Estado de bem-estar social para que todos tenham os mesmos direitos, não importa quanto dinheiro tenham na carteira".
— Se o Chile foi o berço do neoliberalismo na América Latina, também será o seu túmulo —declarou ao ser anunciado como candidato.

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