23/11/2021 às 08h47min - Atualizada em 23/11/2021 às 08h47min

LULA AVANÇA.

E DIREITA QUER SUBSTITUIR BOLSONARO.


O nome de Lula lidera por toda parte do mundo. Além de ter conquistado a maioria do povo brasileiro, ele também ganhou o apoio internacional. Por exemplo, o editorial do El País, maior jornal espanhol, apontou Lula como esperança para que o Brasil supere o fascismo. Existe apoio mais explícito e revigorante que esse? Claro que não. Mas parece que nossos jornalões não concordam com isso. O Estadão parece estar ao lado do fascismo, quando escreve no seu editorial de hoje, 23, que Lula "debocha" dos brasileiros. "Uma recente entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal El País confirma que o líder petista não mudou nada: continua achando que pode impor sua realidade paralela, com a pretensão de que tudo, rigorosamente tudo, deve se sujeitar a seus interesses. Sem qualquer constrangimento, debochou dos fatos, da inteligência alheia e do regime democrático. Quem julga merecer o voto de seus concidadãos não pode se esconder em um mundo imaginário, regido pela irresponsabilidade e pela mendacidade", disparou o tradicional jornalão paulista. O Estadão, sem ter visto a entrevista completa que Lula deu, chegou a dizer que Lula apoiava a perpetuação de Ortega na Nicarágua – mas Lula tinha exatamente dito o oposto.
 
O que há de verdade é a busca desesperada por um substituto para Bolsonaro – Moro? Dória? Eduardo Leite? Qual o pangaré da vez?
 
Veja que diferença no editorial do El País:
 
O ano de 2021 inaugura um novo ciclo eleitoral na América Latina que terá uma de suas nomeações decisivas no Brasil no próximo outono. As eleições provavelmente colocarão o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro contra o sindicalista e ressurgente Luiz Inácio Lula da Silva, embora ele ainda não tenha confirmado que disputará as eleições presidenciais. Em Bruxelas, ele protagonizou diversos encontros em uma agenda comum com a família social-democrata e progressista que ajuda a desenhar fortemente a possibilidade de que Lula, finalmente, seja candidato. E é animador porque hoje aquele que foi fundador do Partido dos Trabalhadores parece ser o único candidato com capacidade para derrotar Bolsonaro, um presidente que desprezou a vida humana e a autoridade da ciência durante a pandemia, levando ao seu país com uma das maiores taxas de mortes por covid-19 do planeta. Além de tentar destruir a Amazônia, um dos pulmões da Terra e o foco que mais valoriza a diversidade do globo, Bolsonaro desconsiderou sem remorso as normas democráticas básicas, deslegitimando e tentando anular seus adversários políticos. Nada mais perigoso para a saúde das democracias do que negar a alternância política, algo que Lula defende com convicção para seu país em entrevista a este jornal.
 
Desde que Bolsonaro se tornou presidente em 2019, ele segue o conhecido manual do populismo autoritário. Infligiu danos incalculáveis ​​às normas constitucionais e dividiu e polarizou sua sociedade: desacredita a política e despreza a verdade, ao mesmo tempo que promove teorias de conspiração negativas. As eleições que colocarão Lula contra Bolsonaro terão um caráter existencial: o próprio futuro da democracia no Brasil está em jogo. O resultado terá inevitavelmente um grande impacto em todo o continente na próxima década, devido à capacidade de irradiação de um país que havia sido considerado um exemplo democrático de economias emergentes.
 
A importância de Lula e dessas eleições para a estabilidade da região são os principais motivos pelos quais vale a pena uma reaproximação da esquerda europeia ao possível próximo presidente do Brasil. Sem dúvida, ele pode ser considerado o representante mais próximo da família social-democrata no continente latino-americano. Lula mostrou sua sensibilidade para com a pobreza e a justiça social em uma área duramente atingida pela desigualdade. Mas também para questões como mudanças climáticas, diversidade e qualidade democrática. Sua visão em termos de valores e governança global multilateral dá sentido a essa conversa entre famílias progressistas dos dois continentes. A construção de uma agenda comum surge num momento em que os problemas internos europeus continuam a aprofundar o inexplicável vazio e desinteresse da União por uma região com a qual é essencial estabelecer uma aliança estratégica para lutar por objetivos comuns como as alterações climáticas e a globalização que limita os excessos ordoliberais da última década. Lula deixou a mensagem em seu rastro na Europa de que o Brasil não é o Bolsonaro e que uma esquerda democrática, realista e disposta a lutar contra a desigualdade é possível.
 
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