Claro que Aras balançou o corpo de um lado pro outro, deu um ajuste na máscara, e declarou que qualquer decisão sobre o relatório da CPI da Covid será após uma “análise prévia” por um órgão da PGR (Procuradoria Geral da República). Precisava disso? Claro que não. O que parece dizer de verdade é que vai demorar um tempo para providenciar um avanço maior. Todos entenderam que foi um jeito de dizer a Bolsonaro que vai demorar o máximo que puder, sem se indispor com os senadores da comissão. Procuradores chegam a avaliar que a manobra também busca jogar a responsabilidade em outros membros do Ministério Público e reduzir qualquer desgaste em torno de Bolsonaro e do Palácio do Planalto.
O relatório, todos sabemos, pede o indiciamento de Bolsonaro por diversos crimes, e também atinge ministros e ex-ministros do atual governo. O ato simbólico teve como objetivo pressionar Aras, alinhado a Bolsonaro, para que ele tome providências diante do relatório e não "engavete" o tema. Pelo Twitter, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) relatou: "no nosso encontro com Aras, ficou definido que a PGR vai investigar todos os denunciados no relatório que têm foro privilegiado. Confrontado sobre um engavetamento até o fim do ano, Aras disparou que tem compromisso com as instituições e regramentos republicanos".
Ok. Mas de acordo com Bela Megale, do Globo, integrantes da PGR avaliam que Aras tenta uma manobra para diminuir o desgaste de Bolsonaro com a CPI da Covid. O procurador decidiu que só tomará alguma atitude sobre o documento da Comissão Parlamentar de Inquérito após uma análise prévia por um órgão da PGR. Procuradores, dizem, no entanto, que Aras não pode delegar a um órgão externo uma função exclusiva do procurador-geral da República, como a de analisar o relatório final da CPI.