22/10/2021 às 08h29min - Atualizada em 22/10/2021 às 08h29min

LULA E BOLSONARO ESTÃO CERTOS

O POVO ESTÁ NO PISO DOS GASTOS


Claro que a jogada é eleitoreira. Claro que Bolsonaro faz o que pode e o que não pode para tentar a reeleição, diante de um Lula cada vez mais à frente. Claro que Bolsonaro teria que ignorar as pressões dos bambambans da Faria Lima. Claro que o editorial do Estadão iria condená-lo. E claro que Lula teria que apoiá-lo (e, graças a isso, teve o privilégio de ter sido chamado de ‘perverso’ por Diogo Mainardi...).
 
Bolsonaro, sabiamente, decidiu alterar as regras do teto de gasto para custear um benefício de R$ 400 aos beneficiários do Auxílio Brasil, programa social que irá suceder o Bolsa Família a partir de novembro.
Na sua tradicional transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro argumentou que a decisão de conceder benefício a famílias de baixa de renda de, no mínimo, 400 reais, respeitará o teto, em um dia marcado por tensão no mercado financeiro por temores com a responsabilidade fiscal.
"Nós temos um teto de gastos... e nós, por que buscamos cumprir o teto de gastos? Porque não queremos desequilíbrio nas finanças do Brasil. Havendo desequilíbrio, a inflação explode, todo mundo perde com isso", disse ele na live.
 
Ao afirmar que há espaço orçamentário para a concessão do Auxílio Brasil, que terá um adicional temporário para chegar aos 400 reais, Bolsonaro comemorou a aprovação do texto-base da PEC dos Precatórios em comissão especial da Câmara e parabenizou o Congresso por dar "o primeiro passo".
O parecer da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) foi adaptado para abrir um espaço fiscal de mais de 80 bilhões de reais em 2022.
A solução para cumprir os 400 reais prometidos para o Auxílio Brasil partiu da ala política do governo, deixou para trás Paulo Guedes e um teto de gastos fragilizados.
 
A proposta foi criada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (que foi nomeado para coisas assim). Não passou nem mesmo pelos cálculos da equipe econômica. Fontes da área econômica teriam afirmado que nem mesmo os números usados pelo relator da PEC dos Precatórios, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), foram analisados no Ministério da Economia.
 
O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, obviamente pediram exoneração de seus cargos, marcando uma debandada do primeiro escalão do Tesouro.
Os secretários vinham defendendo publicamente que a estruturação do novo programa de transferência de renda deveria ficar dentro do teto.
"Tem secretário, como acontece às vezes de ter um ministro, tem secretário que quer fazer valer a sua vontade. Então o ministro deu uma decisão: 'Vamos gastar dentro do teto, porque as reformas continuam'. A gente espera que a reforma administrativa continue, a tributária continue, como foi feita a Previdência no passado, como foi feita aquela da CLT no governo Temer, continuem", afirmou Bolsonaro, sem entrar em detalhes.
Obviamente, as reações contra mostraram resultado imediato. Mas Bolsonaro apenas disse que o mercado ficou "nervosinho".
"Se vocês explodirem a economia do Brasil, pessoal do mercado, vocês serão prejudicados também", afirmou.
 
Bolsonaro rebateu, ainda, críticas ao fato de boa parte dos 400 reais de auxílio ter duração limitada, até dezembro de 2022 – ano da eleição presidencial.
"Aí falam que é eleitoreiro. Seja o que for, eleições é no ano que vem", disse, achando que todos somos trouxas.
 
Leia também no Brasil247 e em O Antagonista.

 
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