11/10/2021 às 06h45min - Atualizada em 11/10/2021 às 06h45min

BOLSONARO É O MAIOR!

MAIOR REJEIÇÃO DESDE A REDEMOCRATIZAÇÃO...


Bolsonaro prepara-se para tentar a reeleição com uma rejeição inimaginável.
O Datafolha fez análise das pesquisas de intenção de voto que realizou nas oito eleições presidenciais ocorridas desde que acabou a ditadura e concluiu que Bolsonaro vai entrar na disputa de 2022 com a maior carga eleitoral negativa da história.
 
O total do eleitorado que declara hoje que não votaria de jeito nenhum a favor da sua reeleição atingiu 59%, 21 pontos percentuais a mais do que Lula (teve apenas 38%), seu principal adversário na disputa.
 
Essa rejeição a Bolsonaro é, disparada, a maior de todas. Foi assim que concluiu o Datafolha, na comparação com a dos presidentes que foram eleitos nas oito disputas anteriores, incluindo ele próprio em 2018.
 
Nunca o eleito, de 1989 a 2014, teve mais do que cerca de um terço do eleitorado declarando não votar nele de jeito nenhum.
 
Bolsonaro já havia batido esse recorde em 2018, quando chegou à reta final da campanha com 44% de rejeição – mas, mesmo assim, conseguiu a vitória no segundo turno. Seu principal adversário, Fernando Haddad (PT), também tinha um índice negativo parecido, 41%.
No segundo turno, Bolsonaro obteve 55,13% dos votos válidos, contra 44,87% de Haddad.
 
Se matematicamente a reeleição de Bolsonaro não ocorreria se a eleição fosse hoje, como mostra o Datafolha, resta a tentativa de mudança desse cenário nos 12 meses que ainda faltam para a disputa.
 
De novo ele terá que enfrentar problemas como arranjar um partido para se filiar, arranjar palanques regionais, conquistar tempo de propaganda na TV e no rádio, um bom marqueteiro e cofre de campanha recheado.
 
 
Desde 1989 —quando Collor foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto depois que acabou a ditadura militar — até 2018, só dois candidatos conseguiram uma redução significativa (algo em torno de 10 pontos percentuais) na rejeição alta que tinham no início. Foram Ulysses Guimarães (MDB) e Paulo Maluf (PDS), em 1989, mas isso de nada adiantou. O chamado "Senhor Diretas", apelido alusivo à sua fundamental participação na campanha Diretas Já, e o principal político vinculado à época à ditadura ficaram em sétimo e quinto lugares, respectivamente.
 
Apesar disso, o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, afirma que essa alta e inédita rejeição tem como ser revertida, especialmente se houver uma percepção de melhora de vida entre os mais pobres.
 
"É um segmento numeroso, responsável numérico pela vitória de Bolsonaro em 2018, mas que foi abandonando essa opção e voltando para Lula ao longo da pandemia e das posturas do presidente. Esses eleitores são os mais pragmáticos. Se chegar algum dinheiro no bolso e comida na mesa, podem voltar a simpatizar com Bolsonaro", afirma Paulino. Ele lembra que por ora Lula está "muito tranquilo e confortável" por não sofrer grandes contraposições, mas mantém uma rejeição alta e consolidada (38%), podendo perder pontos quando a campanha se aproximar e os ataques dos adversários tomarem força.
 
De acordo com a última pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 13, 14 e 15 de setembro, Lula estava na liderança da disputa, com 42% a 46% das intenções de voto, dependendo do cenário pesquisado, com Bolsonaro marcando 25%/26%, em segundo lugar. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
 
"Bolsonaro tem um caminho difícil pela frente e conta apenas com o exército das fake news e com o poder do Estado. Terá que mudar muito o comportamento e adotar medidas econômicas populares para reverter o quadro negativo atual", acrescenta Mauro Paulino, que ainda lembra que uma possível terceira via precisaria de um posicionamento claro contra Lula e Bolsonaro que chegue à população mais pobre de forma convincente.
 
"O brasileiro vota pela emoção, preponderantemente. É preciso aplicar a linguagem popular sem parecer falso. Não vejo ninguém com esse convencimento natural entre os nomes colocados."
 
Márcia Cavallari, CEO do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), diz que o fato de Lula e Bolsonaro serem muito conhecidos torna muito mais difícil mudar a rejeição, porque ela é mais consolidada.
Ela destaca que nas disputas estaduais e municipais "não é raro vermos governantes diminuindo a sua rejeição ao longo da campanha para governador e prefeito. Durante a campanha eleitoral, com a comunicação, eles conseguem mostrar as suas obras, as medidas adotadas, e com isso a rejeição diminui" E dá exemplo: "Nas eleições para prefeito de 2020 tivemos vários que diminuíram rejeição e melhoraram a avaliação ao longo da campanha e acabaram reeleitos."
 
Em junho, o Ipec pesquisou o potencial de voto e rejeição para cada possível candidato à Presidência em 2022, individualmente. Bolsonaro tinha 33% de potencial de voto (22% disseram que votariam nele com certeza e 11%, que poderiam votar) e 62% de rejeição.
 
Lula tinha cenário inverso —61% de potencial de voto (48% com certeza e 13% dizendo que poderiam votar) e 36% de rejeição.
 
Não é sem motivo que Bolsonaro anda muito preocupado.
Leia também na Folha e no Brasil247.
 
Veja a rejeição durante a campanha dos presidentes eleitos:
 
1989 - Fernando Collor (PRN) - 11% a 30% (de junho a novembro de 1989)
1994 - FHC (PSDB) - 12% a 17% (maio a setembro de 1994)
1998 - FHC (PSDB) - 25% a 21% (março a setembro de 1998)
2002 - Lula (PT) - 30% a 29% (nov.2001 a set.2002)
2006 - Lula (PT) - 30% (out.2005 a set.2006)
2010 - Dilma (PT) - 21% a 27% (dez.2009 a set.2010)
2014 - Dilma (PT) - 27% a 33% (out.2013 a set.2014)
2018 - Bolsonaro (PSL) - 33% a 44% (set.2017 a out.2018)
 
Leia também no Brasil247 e na Folha.
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