07/10/2021 às 09h46min - Atualizada em 07/10/2021 às 09h46min

​PAULO GUEDES NO INFERNO ASTRAL

E NINGUÉM QUER DAR A MÃO...

 
O Planalto considera que Paulo Guedes está em situação delicada e o Congresso, como Arthur Lira já sinalizou, não fará nada para ajudá-lo. O Ministro da Economia terá que explicar no plenário da Câmara por que mantém R$ 50 milhões no esconderijo fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Explicação, aliás, que o Brasil inteiro quer saber – mas que jamais saberá tintim por tintim, por mais que seja apresentada.

O plenário da Câmara aprovou requerimento de convocação de Guedes com amplo apoio, inclusive de partidos da base aliada do governo. O pedido passou com o aval de 310 votos favoráveis e 142 contrários.

A decisão de chamar Guedes contou com o decisivo aval do PP, um dos principais aliados do governo no Congresso. Barros tentou, sem sucesso, costurar um acordo para que o ministro fosse convidado – o que não tornaria obrigatória a ida dele e, simbolicamente, teria um peso político menor.
Mas o pedido de convite foi rejeitado com o apoio de 283 votos contrários e 117 favoráveis.

Durante os debates, o líder do PP, deputado Caca Leão (PP-BA), disse que, por falta de acordo sobre o convite, decidiu apoiar a convocação de Guedes.
“A bancada tem o entendimento da importância da vinda do ministro Paulo Guedes nesse plenário para esclarecer tudo que tem sido falado na imprensa e agir com a seriedade que esse momento precisa”, afirmou.
A orientação do PP surpreendeu os deputados aliados ao governo, que também vão apoiar em peso a convocação (segundo uma fonte da Reuters).

A convocação foi aprovada por ampla maioria, sendo que somente as bancadas do PSL e do PSC orientaram contra, além da liderança do governo. O Solidariedade decidiu liberar a votação da bancada.

No PP, dos 42 deputados da bancada, foram 27 votos a favor da convocação de Guedes e 7 contra – os outros não participaram da votação, como foi o caso do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)... que, em boa hora, viajou em missão oficial para Roma.
Um dos votos favoráveis foi da deputada Iracema Portella (PP-PI), que é casada com o ministro da Casa Civil e presidente licenciado do partido, Ciro Nogueira.

A atuação do PP no caso estaria mais ligada a questões regionais. Cacá Leão, por exemplo, é filho de João Leão (PP), vice-governador da Bahia da gestão comandada por Rui Costa (PT).
Houve também quem, mesmo sendo da base, teria se aproveitado da situação para desgastar o ministro da Economia. Mas não gostaria de associar esse desgaste a um apoio a uma tentativa de inviabilizá-lo à frente da pasta – como se fosse um equilibrista de circo...

A sessão da Câmara que aprovou a convocação de Guedes foi conduzida pelo primeiro vice-presidente da Casa, Marcelo Ramos (PL-AM), notório opositor de Bolsonaro e que já teve embates com Paulo Guedes.

O Ministério da Economia estaria procurando colocar panos quentes no assunto e minimizar a preocupação com as convocações. A prioridade da pasta, acrescentou essa fonte, é solucionar a questão dos precatórios como forma de incrementar o novo programa social que substituirá o Bolsa Família.

E DAÍ?
Mais cedo, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara também havia aprovado uma nova convocação de Guedes, repetindo o que já havia sido feito na véspera pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também é citado nas reportagens, foi convidado a dar explicações na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. No caso do convite, a autoridade não é obrigada a comparecer.

Em outra frente, também na terça, a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado aprovou convite tanto para Guedes como para Campos Neto darem explicações. Teria disso costurado um acordo de senadores da oposição e governistas e as duas autoridades e ficou definida a data de 19 de outubro para os depoimentos.

Em comunicados, Guedes e Campos Neto já afirmaram que as contas foram devidamente apresentadas às autoridades competentes e que não cometeram nenhuma irregularidade em relação aos cargos que ocupam. Estão tranquilos, já está tudo devidamente explicável...

Enquanto isso, em nosso Inferno Fiscal, o povo brasileiro... vive numa fria!

Leia também no Brasil247.

 
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