12/09/2021 às 08h50min - Atualizada em 12/09/2021 às 08h50min

BOLSONARO, NA AMAN, ANTES DE ELEITO:

“ALGUNS VÃO MORRER, MAS VOU TENTAR JOGAR ESTE PAÍS PARA A DIREITA”


A AMAN – Academia Militar das Agulhas Negras é responsável pela formação militar e pelos valores de Bolsonaro e dos principais ministros que estão hoje no poder. Fica às margens da Dutra, em seu quilômetro 306, com um imponente portão de acesso a uma rua que se estende por 700 metros, como se fosse um corredor, cortando um imenso gramado em direção a um edifício branco e largo de poucos andares que se assemelha a uma fábrica. E é realmente uma fábrica – a fábrica de oficiais do Exército brasileiro. As suas instalações grandiosas contrastam com a cidade pacata de Resende, RJ, onde ela fica. São 132.000 habitantes no município que serve de dormitório tanto para a grande maioria dos 12.000 militares que circulam pela AMAN diariamente como para os trabalhadores da indústria automobilística instalada por perto. Mas é por esse lugar, afastado dos grandes centros urbanos (cerca de três horas de São Paulo e de duas horas do Rio de Janeiro), que passa a política brasileira de hoje – e alguns até acreditam que a do futuro também... (toc, toc, toc)
 
Mais de 400 cadetes se formam todos os anos na AMAN, depois de quatro anos intensos cursando Ciências Militares. De lá saíram Bolsonaro, em 1977, Mourão, em 1975, e seus principais ministros. O ministro da Defesa, general Braga Netto, que ficou em evidência esta semana, formou-se em 1978. “É na AMAN que, além do treinamento militar, se incutem os valores da disciplina, hierarquia, patriotismo e honradez, além das convicções políticas”, explica o historiador José Murilo de Carvalho. “Entre essas últimas estão as que são repetidas com frequência pelos comandantes: defesa externa e interna do país, garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem”, completa. “É o que está na Constituição, cujo artigo 142 dá margem à interpretação de que as Forças Armadas têm um poder moderador sobre os outros poderes. Chamo a isso de tutela sobre a República”. Sensacional! Bolsonaro leu apenas esse artigo e já acreditou que era o dono do país, que podia ‘botar pra quebrar’.
Vejam só o que ele disse, no final de 2014, quando ainda era deputado e foi saudar os cadetes que concluíam sua estadia na academia. “Nós temos que mudar este Brasil, tá ok? Alguns vão morrer pelo caminho, mas estou disposto, em 2018, seja o que Deus quiser, a tentar jogar para a direita este país”. Tem coisa mais óbvia sobre suas pretensões fascistas? Talvez se ele falasse com toda essa clareza pelos quatro cantos do país não tivesse sido eleito...
 
Como presidente, Bolsonaro também participou das formaturas em 2019 e 2020 ao lado de ministros e parlamentares. No ano passado, houve até transmissão ao vivo da TV Brasil e comentários em tempo real de um coronel, como se fosse a cerimônia do Oscar ou de abertura das Olimpíadas ou a chegada à lua de um lunático. “Todos nós sabemos que o papel do militar, além daquela garantida e definida na nossa Constituição, é a nossa soberania e garantir a nossa liberdade, tão ameaçadas nos últimos tempos”, discursou na última cerimônia, talvez já prevendo alguns atos antidemocráticos...
 
Mas, o importante, nisso tudo, é evitar que ele conclua sua ameaça de, com morte ou sem morte, jogar o país inteiramente no fascismo. Bolsonaros Nunca Mais!
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