Vamos aos fatos. Ou pelo menos o que restou dos fatos. Os senhores procuradores, como é comum aos procuradores, queriam acusar e garantir a condenação de Lula. Isso é da essência (quase sai indecência, o que não seria correto...) dos procuradores. Até aqui, nada demais. Estavam com Lula na mira, peixe grande, daqueles de dar água na boca de qualquer procurador. Um Grand Prix, diante de tantas acusações que não deram em nada. Mas vamos finalmente aos fatos: nenhum procurador que se preze fica restrito aos fatos. Ele quer tirar emoção daqueles fatos (ou não-fatos...) e, portanto, vão além dos fatos. Foram em busca do apoio do Vaidoso Moro, que conheciam bem – e acertaram em cheio! Em 2017, já tinham colocado em um recurso, no caso Renato Duque/Antonio Palocci, que a decisão de Moro “carrega vícios de contradição e de omissão, além de clara violação a dispositivos legais, sendo ainda extra petita”, ou seja, a decisão foi tomada sem ter sido discutida com as partes interessadas. Correto? Aliás, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que integrava a força-tarefa da Lava Jato à época, teria chegado a dizer que a proposta de delação de Palocci era mais um "acordo do fim da picada" do que uma "delação do fim do mundo".
Muito bem. Ele, o Vaidoso Moro, dessa vez, queria, acima de tudo, a condenação de Lula. E estaria disposto a qualquer pirueta para conseguir esse troféu. Mais do que isso, buscava uma alternativa para uma carreira que até então não garantia voos mais altos, um ministério talvez. Era a combinação perfeita. Moro cooptado, portas abertas para um futuro melhor, um futuro a que tinham direito. Faltou apenas uma coisa: combinar o roteiro com The Intercept Brasil. Eles, do Intercept, tiveram acesso a tudo, deslumbraram o escândalo que, procuradores e Moro, teriam construído e colocaram a boca no mundo. E o pior para os procuradores e o juiz: tudo foi feito de forma profissional. Não há o que contestar – embora haja o que estrebuchar. A vocês, doutores procuradores e juiz, só existem duas alternativas... Bem, o Brasil confia em vocês...
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