27/07/2021 às 08h18min - Atualizada em 27/07/2021 às 08h18min

BIDEN NÃO PERDE TEMPO COM BOLSONARO

PREFERE FALAR COM OS GOVERNADORES


Definitivamente o presidente americano deu as costas para o presidente que temos.

Em abril, na reunião de cúpula, Biden nem ouviu Bolsonaro, saiu da sala antes. Agora fez pior: mandou John Kerry abrir um canal direto com os governadores estaduais. É bom lembrar que John Kerry tem o cargo de Enviado Presidencial Especial para o Clima dos Estados Unidos desde 2021. Talvez isso signifique que não há clima para Bolsonaro...

Na quinta-feira, 29, John Kerry tem um encontro virtual marcado com os governadores Wellington Dias (PT-PI), Renato Casagrande (PSB-ES), João Dória (PSDB-SP), Eduardo Leite (PSDB-RS), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS) e Flávio Dino (PSB-MA). Cadê o Bolsonaro? Ficaria mal pra ele, porque todos os governadores convidados são de oposição a Bolsonaro. Na reunião eles representam, também, outros 15 governadores estaduais interessados em negociar diretamente com o governo americano um conjunto de iniciativas de preservação ambiental que abrangem desde o saneamento público ao que se chama de “ativos verdes” — biomas do Sul, do Sudeste e da Amazônia.

Kerry foi senador e ex-secretário de Estado no governo Obama. Na versão oficial, a conversa foi pedida pelos governadores sob a justificativa de sondagem de um “aporte técnico e financeiro adequado” do governo e de empresas privadas dos Estados Unidos para uma dúzia de projetos ambientais, preparados especificamente para essa reunião.
Mas, de fato, os Estados Unidos vão inaugurar uma linha de comunicação direta com os governadores, que ganharam relevância no combate à catástrofe pandêmica, como refletem as pesquisas de opinião — todos têm nível de aprovação muito superior ao de Bolsonaro e tendem a desempenhar papel fundamental nas eleições do próximo ano, como candidatos ou aliados influentes.

Bolsonaro deve estar arrependidíssimo do papelão que fez na campanha eleitoral americana, quando hostilizou Biden abertamente. Até insinuou a possibilidade de ele ter roubado a eleição de Trump, de quem se considerava aliado. Foi um dos últimos a admitir a vitória de Biden.

Subestimar Biden é sempre arriscado. Na Copa de 2014, ele realizou uma operação política bem-sucedida, quando conduziu, quando era vice-presidente, a reaproximação de Dilma e Obama.
Aliás, ele tem esperteza e também bom humor na política. Na campanha de 2008, quando era candidato a vice de Obama, Biden foi a um comício em Columbia (Missouri) e chamou ao palanque um aliado local, Chuck Graham: “Levanta-te, Chuck, deixe que eles te vejam!” Graham sorriu, e continuou na sua cadeira de rodas.

Talvez dessa vez ele tenha dito: “Pensa um pouco, Bolsonaro, e vem também!” Naturalmente, nada aconteceu...

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