26/07/2021 às 12h04min - Atualizada em 26/07/2021 às 12h04min

PEGARAM A LAVA JATO

QUE SONHAVA EM PEGAR O PEGASUS...


Sabe a LavaJato, aquela ação dos procuradores de Curitiba que só pensavam em afastar Lula do mundo da política?
Sabe o Pegasus, aquele sofisticado programa de espionagem israelense, que todo mundo agora só fala dele?
Pois bem, os lavajatistas chegaram a negociar o Pegasus com a empresa israelense.
 
Numa petição protocolada nesta segunda-feira (26) no STF (Supremo Tribunal Federal), a defesa de Lula revela como os procuradores em Curitiba teriam buscado criar um sistema de espionagem cibernética clandestina. A perícia tem como base mensagens de chats entre membros da Lava Jato apreendidas na Operação Spoofing.
Documentos que não fazem parte da petição e que foram obtidos pelo UOL ainda revelam detalhes das negociações entre os procuradores e representantes da empresa que vendia o sistema de espionagem.
 
O Pegasus virou notícia no mundo no último dia 18 (veja aqui  https://daquiedali.net/noticia/2197/o-mundo-inteiro-espionado) por ter sido revelada a sua utilização por governos para espionar jornalistas, ativistas e inimigos políticos dos chefes de estado!!! É bom lembrar, que a empresa adverte que não se envolve com os usos feitos por seus clientes. Se de um lado está certa, por outro lado parece que está agindo como uma espécie de Pilatos: “Lavo as mãos”...
 
Segundo um consórcio de 17 jornais de dez países, ao menos 180 jornalistas chegaram a ser monitorados por meio do sistema Pegasus!!! Devem ter obtido muitas informações daqui e dali sem a menor importância.
 
Depois de revelações do UOL em maio sobre o lobby feito pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) pelo sistema, a fornecedora desistiu de participar de licitação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, bateu asas e voou.
 
Com relação à Operação LavaJato, foi feita petição ao STF pelos advogados Valeska Teixeira Martins e Cristiano Martins a partir dos diálogos de procuradores: "a Operação Lava Jato teve contato com diversas armas de espionagem cibernética, incluindo o aludido dispositivo Pegasus".
Numa conversa no chat do grupo de procuradores em 31 de janeiro de 2018, é citada uma reunião entre os membros da "Lava Jato" do Rio de Janeiro, de Curitiba e representantes de uma empresa israelense que vendia uma "solução tecnológica" que "invade celulares em tempo real (permite ver a localização, etc)". Essa tecnologia, segundo os advogados, mais tarde seria identificada como sendo o Pegasus.
 
O procurador Júlio Carlos Motta Noronha escreveu naquele dia (as mensagens foram reproduzidas nesse texto exatamente da forma como foram escritas):
"Pessoal, a FT-RJ (Força Tarefa do Rio de Janeiro) se reuniu hj com uma outra empresa de Israel, com solução tecnológica super avançada para investigações.
A solução 'invade' celulares em tempo real (permite ver a localização,etc.). Eles disseram q ficaram impressionados com a solução, coisa de outro mundo.
Há problemas, como o custo, e óbices jurídicos a todas as funcionalidades (ex.: abrir o microfone para ouvir em tempo real).
De toda forma, o representante da empresa estará aqui em CWB, e marcamos 17h para vir aqui. Quem puder participar da reunião, será ótimo! (Inclusive serve para ver o q podem/devem estar fazendo com os nossos celulares)."
 
E os direitos humanos?
Nos minutos seguintes, diversos procuradores confirmam o interesse em participar da reunião. Um deles, mencionado como Paulo (havia dois), é o único a identificar eventuais problemas:
"Confesso que tenho dificuldades filosóficas com essa funcionalidade (abrir microfone em tempo real, filmar o cara na intimidade de sua casa fazendo sei lá o quê, em nome da investigação). Resquícios de meus estudos de direitos humanos v. combate ao terrorismo em Londres".
 
(Pausa para palmas daqui e dali para as dificuldades deste Paulo!)
 
Depois que o grupo compartilhou uma reportagem no chat sobre o Pegasus, alguns dos procuradores levantaram dúvidas sobre o funcionamento do sistema. "Nós não precisamos dos celulares originais para fazer a extração?", perguntou Januário Paludo.
A resposta dada por Julio Noronha foi: "Neste caso, não; extração remota e em tempo real. Preciso ver as funcionalidades, se é possível segregar, etc., sobretudo pensando nas limitações jurídicas. De toda forma, acho q é bom conhecermos pelo menos".
 
(Mais palmas: levaram em conta as limitações jurídicas!)
 
Durante a conversa, os procuradores ainda citam como outro programa — o Cellebrite, aplicativo para extrair dados de aparelhos apreendidos — estaria prestes a chegar.
 
"Bunker" já era debatido desde 2017
Na petição, os advogados de defesa de Lula apontam como os membros da Lava Jato revelaram, em 2017, "a intenção de criar um ‘bunker’ no gabinete do procurador da República Deltan Dallagnol".
"Esse "bunker" envolvia justamente a aquisição de softwares de espionagem cirbernética, como é o caso do israelense Cellebrite, e outros sistemas que permitiriam viabilizar a criação de um "big data" no gabinete do citado membro do MPF", apontam.
 
Em 23 de novembro de 2017, o procurador Roberson Pozzobon faz a proposta:
"Pessoal, uma nova ideia: porque não criarmos um BUNKER de investigação no gabinete do Deltan no 14º Andar. Esse BUNKER seria um espaço estruturado com 8 computadores, sendo 4 computadores para servidores que ficarão dedicados exclusivamente às demandas do BUNKER e 4 computadores a serem ocupados, alternadamente (de dois em dois dias) por duplas de procuradores e seus respectivos assessores".
 
Enfim, todos nós sabemos de cor e salteado para que serviu no mundo político brasileiro  esse ‘programa-espião’, que também poderia ser conhecido como “taoquei”, por ter contribuído para programar o país que temos hoje...
 
Leia também em Notícias UOL.
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