Está acontecendo com Bolsonaro o que ninguém achava possível: ele corre o risco de não ter votos suficientes para ser o adversário de Lula em 2022, no caso de haver segundo turno. Bolsonaro tem sido tão incompetente, tão despreparado para o cargo que ocupa, que pode até mesmo ficar sem condições de conquistar votos suficientes para continuar na disputa. Claro, ele tem a máquina na mão, tem forte apoio na direita, tem boa máquina de comunicação, mas atrapalhou-se dos pés à cabeça – se é que alguma vez ele teve cabeça pra pensar. Claro, alguém pode dizer “coitado, foi derrotado pela pandemia”. Mas isso é uma falsa verdade, digamos assim. De fato, além de ter de que enfrentar a força de Lula, Bolsonaro não teve tino suficiente para aliar-se ao povo na luta contra a pandemia. O seu desespero em garantir votos com bons resultados na economia fez com que assumisse um negacionismo exacerbado. Com razão ou sem razão (na maioria das vezes, com razão), o povo passou a associá-lo imediatamente a tudo que é desgraceira. Diante desse quadro, começaram a ganhar força outros nomes dispostos a enfrentar Lula. Quase nenhum acredita ter chances reais. Mas todos estão principalmente investindo em eleições seguintes. ‘Todos’ talvez não seja exatamente o caso, porque Ciro é um caso perdido, atirando em todas as direções, apostando fortemente na queda de Bolsonaro.
O Jornal Contábil fez uma relação do que considera os nomes possíveis na candidatura à Presidência da República para o ano que vem. Aproveitamos a listagem em parte.
LULA Lula (PT) estava impedido de disputar eleições por decisão, basicamente política, de Sérgio Moro. Mas o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), anulou todas as suas condenações. Assim, Lula está livre para disputar as eleições. E livre para vencer, como apontam todas as pesquisas, principalmente contando cada vez mais com a incompetência de Bolsonaro.
BOLSONARO Apesar das críticas à gestão na pandemia, Bolsonaro ainda desfruta de aprovação de parte da população e tem uma base de eleitores fiéis que dificilmente vão abandoná-lo nas eleições. Grande possibilidade de ir para o segundo turno, claro – mas começa a perigar despencar de vez. Bolsonaro afirmou que escolheria uma nova legenda, mas não tem nenhuma importância, no caso dele. Entre os partidos que podem apostar na sua candidatura estariam PP, PTB, PL e Patriota. Ele já passou por oito partidos...
CIRO GOMES Ciro foi o terceiro colocado nas eleições de 2018 e tem se apresentado como a opção de centro para derrotar Bolsonaro. Vem tentando atrair o apoio de siglas tanto de centro-esquerda quanto de centro-direita para 2022. Acha que pode tirar Lula do segundo turno, mas isso é apenas uma jogadinha para superar Bolsonaro.
DÓRIA O atual governador de São Paulo, Dória (PSDB), tornou-se grande crítico de Bolsonaro após a eleição em 2018. Os conflitos se intensificaram durante a pandemia de Covid-19 e Dória é considerado como um dos principais desafetos de Bolsonaro. Ele tem se colocado como opção de uma frente de centro direita para as eleições de 2022, tentando atrair inclusive o apoio de partidos como o DEM.
EDUARDO LEITE Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, procura se aproveitar do racha interno no PSDB para disputar a preferência do partido com João Dória, governador de São Paulo. Os dois têm subido o tom contra Bolsonaro, desde o início da pandemia de Covid19 – coisa que, aliás, todos os outros candidatos e todo o povo brasileiro têm feito. Se não conseguir apoio tucano, vai bater asas rumo a outras siglas, PSD e Podemos.
HULK Hulk não é filiado a nenhum partido, mas andou conversando com algumas legendas, entre elas o DEM e o Cidadania. É visto como um outsider na política e tem usado as redes sociais para fazer forte oposição a Bolsonaro. É carta fora.
LUIZA TRAJANO A dona do Magazine Luiza, Luiza Trajano, foi procurada por líderes partidários para disputar as eleições em 2022. Pelo menos três legendas já tentaram convencê-la a ser candidata. O PSB seria uma delas.
LUIZ HENRIQUE MANDETTA Ex-ministro da Saúde, Mandetta (DEM) ganhou visibilidade durante o período em que atuou no combate à pandemia de Covid-19. Mandetta tornou-se crítico a Bolsonaro e ganhou projeção. Mas precisa em primeiro lugar ter apoio do próprio partido.
SÉRGIO MORO Moro já foi muito cotado para 2022. Hoje, nem tanto. Conseguiu atrapalhar-se profundamente.
QUEM É CANDIDATO PRA VALER?
A maioria dos candidatos não está aí pra valer. Ou melhor - está usando a listagem do nome como pré-candidato à presidência pensando em cacifar-se a outra coisa. Mas, apesar da extensa lista de pré-candidatos à presidência em 2022, muitos outros ainda devem surgir. O cientista político e professor da Universidade Católica de Pernambuco, Antônio Lucena, acredita que “poucos nomes vão se viabilizar”. De acordo com ele, a consolidação de um candidato depende, sobretudo, da rede de apoio que ele consegue construir ao longo do tempo. “Se durante esse período pré-eleitoral ele tiver apoio e conseguir ganhar musculatura, há uma tendência de permanecer naquele cenário e dispute, de fato, a eleição. Mas no cenário que temos hoje, com tantos nomes em tantas frentes, muitas articulações ainda vão ser feitas. O único nome que eu apontaria como certo nas eleições é o do próprio presidente”, sustenta ele, completamente equivocado. Primeiro, porque Lula é o principal candidato. Ele não apenas lidera as pesquisas como demonstra que ainda tem muito espaço para crescer. Ao contrário, Bolsonaro está suando para manter-se viável