06/07/2021 às 09h04min - Atualizada em 06/07/2021 às 09h04min

​CORREIO URGENTE:

VOCÊ VAI PERDER OS CORREIOS!


Bolsonaro já deve ter vendido a alma, agora quer vender o que sobrou. Os Correios entraram na fila – depois de 358 anos de existência (desde 25 de janeiro de 1663!), estão à venda. O projeto de venda de 100% dos Correios deve ser votado na Câmara. A previsão é finalizar a venda em março, em leilão, para comprador único. A Anatel vai ser a agência de comunicações para regular também serviços postais.

A ideia é vender o controle da companhia integralmente, no formato de um leilão tradicional, como resume o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord. Ele lembra que o comprador levará os ativos e passivos dos Correios.

O modelo não é o mesmo que se planeja para a Eletrobras e diferente também do que foi feito recentemente na BR, ex-subsidiária da Petrobras, baseados em operações no mercado de capitais.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já marcou a votação do projeto dos Correios para a próxima semana, antes do início do recesso parlamentar. Obviamente, deve correr com isso,
para que o governo consiga cumprir o cronograma de venda da empresa, cujo leilão está previsto para março de 2022. Aliás, no mesmo trimestre, o governo pretende privatizar a Eletrobras.

A ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) será transformada em ANACOM (Agência Nacional de Comunicações) e passará a regular os serviços postais, para garantir a universalização do atendimento.

O governo ainda não tem valor previsto para a privatização, que dependerá do edital e de avaliação mais profunda das contas da estatal.
— A intenção é publicar o edital dos Correios neste ano, provavelmente em dezembro. Por isso é tão importante votar na Câmara antes do recesso. Se não, o cronograma começa a ficar comprometido. O projeto precisa estar resolvido até agosto. Publicamos o edital em dezembro para que a licitação ocorra em março. A gente vai privatizar os Correios combinado com uma concessão. A Constituição diz que cabe à União garantir o serviço postal, e isso pode ser por concessão. Como garantimos? Regulando. É uma eficiência muito maior que a prestação direta — disse, com a justificativa óbvia, mas que, como sempre, não convence muito...

Mac Cord cita dados colhidos pelo BNDES que mostrariam que a empresa não tem tecnologia, tem baixa produtividade e pouca competitividade. O faturamento em 2020 teria caído 6% em relação a 2019. O levantamento feito mostraria que o tempo para entrega de encomendas expressas é maior que os principais serviços do mundo, e o período de entrega praticado pelos Correios no e-commerce subiu nos últimos anos. Quem vai querer uma porcaria dessas? Talvez por que um estudo do BNDES mostra que o lucro líquido dos Correios em 2020 foi de R$ 1,5 bilhão – excelente, mesmo considerando que R$ 900 milhões são de efeitos não recorrentes, como adiamentos de impostos, resultado financeiro e reversão de provisões.

Há quem considere que o escândalo de corrupção que colocou Bolsonaro como o 01 que roubava até 90% dos salários de seus assessores deixou o governo nas cordas, mas serviu para acelerar o processo de privatização.
Entre os interessados estão grandes empresas internacionais, como a Amazon, e bilionários locais, como Luiza Helena Trajano, do Magalu. A privatização deve fechar agências e desempregar entregadores, preservando o filé da empresa, que é a logística para o comércio eletrônico. O produto é tão bom e lucrativo que o governo poderia aproveitar para ficar com ele...

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