05/07/2021 às 08h53min - Atualizada em 05/07/2021 às 08h53min

​JAMAIS CONFIE NA EX-CUNHADA!

OUVIU BEM, JAIR?


Parece que dessa vez pegaram o Jair com a boca na botija. São gravações inéditas apontando diretamente o envolvimento do atual presidente da República, Jair Bolsonaro, em esquema ilegal de entrega de salários de assessores na época em que foi deputado federal (entre os anos de 1991 e 2018).

As declarações indicariam que Bolsonaro participava diretamente da rachadinha, o nome que se dá para a prática que configura crime de peculato (mau uso de dinheiro público).
A primeira reportagem mostra que um familiar que não quis devolver o valor combinado do salário foi retirado do esquema – é o que revela a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro e irmã do demitido
"O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo'. Leia mais aqui – e tente descobrir onde pegar esse dinheiro volta...

Outra reportagem revela que, dentro da família Queiroz, Bolsonaro é o verdadeiro "01". Em troca de mensagens de áudio, a mulher e a filha de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, chamariam Jair Bolsonaro de "01". Márcia afirma que o presidente "não vai deixar" Queiroz voltar a atuar como antes.

A terceira reportagem descreve como um coronel da reserva do Exército, ex-colega do presidente na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras), atuou no recolhimento de salários da ex-cunhada de Jair Bolsonaro, no período em que ela constava como assessora do antigo gabinete de Flávio na ALERJ (Assembleia Legislativa do Rio).

Ao ser informado sobre as gravações de Andrea Siqueira Valle, o advogado Frederick Wassef, que representa Bolsonaro, negou ilegalidades e disse que existe “uma antecipação da campanha de 2022” – e, aqui entre nós, infelizmente não houve uma antecipação da campanha de 2018...

Wassef afirmou que os fatos narrados por Andrea "são narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer um de seus filhos". Ele aparentemente procura apenas rachar a revelação para ocultar o inocultável...

Bolsonaro, esquivo e ríspido
Desde que foi revelado o esquema conhecido como rachadinha, no fim de 2018, Bolsonaro se esquivou do tema ou reagiu com raiva, quando era questionado. Chegou a dizer que "se Flávio errou, vai ter de ser punido". Chegou a agredir um jornalista que perguntou por que o Queiroz depositou cheques na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro!!!

Com o avanço de investigações no MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), que quebrou o sigilo bancário dos investigados, descobriu-se ainda que o esquema envolveria dez familiares de Ana Cristina Valle, a segunda mulher de Bolsonaro.
Ainda em 2019, o MP fluminense passou a investigar suspeitas semelhantes no gabinete de Carlos Bolsonaro. Ao todo, a família Bolsonaro empregou 18 parentes de Ana Cristina. Vamos repetir: 18 parentes de Ana Cristina!

Em março passado, o UOL revelou que quatro funcionários do gabinete de Jair Bolsonaro fizeram saques atípicos e que sua ex-mulher ficou com todo o dinheiro existente na conta da irmã que estava nomeada para o gabinete do então deputado federal.
Mas nenhum assessor tinha dito ainda que era obrigado a devolver parte do salário para Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

Isso se chama peculato – e é crime
O peculato é um crime contra a administração pública e se caracteriza pela subtração ou apropriação indevida de valores ou bens cometida por um servidor público, a exemplo de parlamentares e membros do governo.

O procurador de Justiça de São Paulo e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, não deixa dúvidas: "É um crime extremamente grave. Quando um deputado se apodera de recursos dos salários do funcionário de seu gabinete, ele está furtando ou se apropriando indevidamente de dinheiro público. Pois quem paga este salário é o orçamento público, a sociedade. Este dinheiro pertence à sociedade e poderia ser investido em saúde, educação. Mas está sendo gasto com a contratação desnecessária de assessores que terão parte dos salários embolsados por um político".

Você que leu essa reportagem pode estar ou não estar surpreso. Mas com certeza está enojado com a simples ideia de ter um presidente da República desse tipo. Mais do que uma CPI, merece uma CMI – Comissão Mundial de Inquérito!

Os áudios podem ser ouvidos no vídeo, clicando aqui.
 
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