26/06/2021 às 16h39min - Atualizada em 26/06/2021 às 16h39min

​O GOLPE DA URNA

BOLSONARO QUER IMITAR TRUMP


Donald Trump tem uma frase brilhante, típica do seu perfil espertalhão: “Aceitarei totalmente os resultados desta grande e histórica eleição, se eu ganhar.”
Tem coisa mais perfeita? Claro, que não. Obviamente, deve manter-se até hoje firme nesse modo de pensar, já que foi derrotado. Caso tivesse vencido, o pensamento seria lançado na urna do esquecimento.

Pelas bandas de cá, temos um pupilo de Trump, conhecido como Jair Bolsonaro. Ele já percebeu que não terá mais a moleza eleitoral que o elegeu de forma surpreendente (graças em boa parte, aliás, ao bom uso do marketing digital). E não será por causa da urna, mas, sim, por causa do desastre que se mostrou como presidente.

A frase de Trump cairia muito bem se saísse pela boca de seu fã que chegou ao Planalto e pretende permanecer ali a qualquer custo, pelo tempo que conseguir. Bolsonaro está inteiramente desinteressado das questões de governo e das soluções para salvar um país devastado pela pandemia e por sua incompetência para reagir. Ele está em campanha permanente para tentar continuar como presidente – algo que se apresenta cada vez mais distante para ele. Assim, mantendo uma disparada de insultos à imprensa e rajadas intensas de ataques aos adversários ou a aqueles que não seguem o seu ratateado, quer o que nenhuma eleição democrática garante a candidato algum: a certeza da vitória.

Esse, sem dúvida, é o objetivo da Proposta de Emenda Constitucional 135/19, apresentada pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL) — a chamada PEC do voto impresso. A ideia é que cada voto eletrônico gere uma cédula física, a qual, conferida pelo eleitor, seja depositada em urna indevassável. Na realidade, trata-se de pôr sob suspeita a votação eletrônica e, por tabela, a confiança nos números apurados. Com isso, poderia garantir o resultado que lhe interessa. Em outras palavras, um golpe contra a democracia. Afinal, como diz o cientista político Adam Przeworski, da Universidade de Nova York, a democracia é um regime em que a incerteza quanto aos resultados eleitorais é institucionalizada. Uma definição preciosa que, naturalmente, não ressoa muito bem em um “cabeça-dinossauro”. Seria titânico.

Leia também em Agência Câmara de Notícias e Folha.

 
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