08/06/2021 às 10h37min - Atualizada em 08/06/2021 às 10h37min

COMUNICAÇÃO DO ÓDIO

ISSO TEM GABINETE?


O ex-titular da SECOM (Secretaria de Comunicação da Presidência da República), Fabio Wajngarten, disse que Tércio Thomaz, assessor especial de Bolsonaro, não tinha relação com o trabalho da pasta. Mas, em depoimentos no inquérito dos atos antidemocráticos, Tércio Thomaz admitiu que dois assessores que trabalham com ele, José Matheus Salles Gomes e Mateus Diniz, tinham atuação junto à SECOM. Eles contaram à PF (Polícia Federal), pela primeira vez, suas funções.

Gabinete do Ódio (Odium Officium?) é o nome dado a um grupo de assessores que trabalham no Palácio do Planalto com foco nas redes sociais, inclusive na gestão de páginas de apoio à família Bolsonaro que difundiriam desinformação e atacariam adversários políticos do presidente. Tércio Thomaz seria considerado o líder do grupo. O trio teria sido escolhido pelo vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Foi informado aos investigadores que fariam articulações e intermediariam a comunicação e o diálogo da SECOM com a Presidência.

Depoimentos à PF
Em seu depoimento, Thomaz contou que trabalha em "uma sala situada no Palácio do Planalto, 3° andar, que compartilha com José Matheus e com Mateus Diniz". Segundo Thomaz, José Matheus tem como atribuição "intermediar os assuntos com a SECOM, de interesse de comunicação".
Já Diniz, apesar de ser lotado na SECOM, trabalha no Planalto e tem como função "auxiliar a interligação da SECOM com a assessoria pessoal do Presidente da República".

Ao prestar depoimento, José Mateus afirmou à PF que sua "atribuição é de acompanhar a agenda do presidente da República, realizar a análise de cenário da internet (pautas do dia, temas que podem ser polêmicos ou de interesse do governo) para assessorar o presidente da República na tomada de decisões". Pausa para exclamações!!!!!

O assessor disse ainda que "sua função está mais ligada à área de comunicação do governo como um todo, envolvendo a parte de estratégia de comunicação das atividades desenvolvidas pelo governo (ideias, sugestões, temas que não devem ser abordados em determinado momento, etc.)". Segundo ele, a SECOM realiza o trabalho de comunicação, mas ele "atua no sentido de auxiliar estrategicamente essas abordagens".

Diniz afirmou em seu depoimento que assumiu a função de assessoria na SECOM em janeiro de 2019 e "na mesma época foi cedido à Presidência da República".

Quem é Tércio Thomaz
Tércio Thomaz teria curso incompleto em biomedicina e foi assessor de Bolsonaro na Câmara dos Deputados, em 2017. Depois, em 2018, foi formalmente lotado no gabinete de Carlos Bolsonaro, mas não trabalhava de fato na Câmara de Vereadores do Rio. Ele prestaria serviços para a campanha presidencial de Bolsonaro. Acompanhava o candidato em viagens pelo país e se apresentava como "assessor de imprensa". Já José Matheus estudou zootecnia e foi assessor de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores desde 2014.
Questionado na CPI sobre a influência de Thomaz na SECOM, Wajngarten negou qualquer atuação.
"O único gabinete que eu conheço é o gabinete da Secretaria Especial de Comunicação. O senhor Tércio nunca fez parte do quadro da SECOM. O senhor Tércio nunca participou de decisões estratégicas, seja de qualquer conteúdo que a SECOM determinou, veiculou ou planejou. Nenhuma interferência do senhor Tércio". Wajngarten negou a influência dos outros assessores também.

Aparentemente, eles não cuidam da comunicação entre si. Por isso ainda não sabem como funciona exatamente a SECOM do Ódio...

Leia também no UOL e no Brasil247.
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