22/05/2021 às 07h51min - Atualizada em 22/05/2021 às 07h51min

​BYE BYE, PETROBRÁS.

A DESPEDIDA COMEÇOU...


A Petrobrás planeja vender todas as suas ações na BR Distribuidora, como disse uma fonte da companhia. "A Petrobrás quer vender tudo e foram encomendados os estudos numéricos com cenários para ser tomada a melhor decisão". E a ideia é vender toda a sua participação na BR Distribuidora ainda este ano, em uma operação que pode render mais de 8 bilhões de reais, como disseram à Reuters três fontes com conhecimento do assunto.

O desinvestimento na BR (com potencial de ser um dos maiores do ano) e a política de preços que segue paridade – mas evita repassar volatilidade do mercado de petróleo aos preços internos – estão entre os temas principais do presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, que está há apenas 1 mês no cargo.
Na Petrobrás, as discussões em andamento apontam para venda integral da sua fatia de 37,5% na maior distribuidora de combustíveis do Brasil, o que confirmaria que o novo presidente está alinhado com desinvestimentos.

A BR também já tomou conhecimento do interesse da Petrobrás, e houve contatos entre Luna e o presidente da distribuidora, Wilson Ferreira Jr.
"A intenção é fazer ainda este ano dentro dos ritos necessários. O assunto está em plena discussão. Mas a ideia é vender tudo", disse uma das fontes.
"A Petrobrás quer vender tudo e já foram encomendados os estudos numéricos com cenários para ser tomada a melhor decisão", adicionou outra fonte.

Nas próximas semanas, pode ser realizada reunião para tratar do assunto.
Em comunicado ao mercado, após a publicação da reportagem, a Petrobras reiterou que seu conselho de administração aprovou em agosto de 2020 a venda de sua participação remanescente de 37,5% no capital social da BR por meio de uma oferta pública secundária de ações (follow-on).

A Petrobrás também disse "que ainda não foi definido o momento de lançamento da oferta, que está sujeita às condições de mercado, à aprovação dos órgãos internos da Petrobrás, principalmente quanto ao preço, e à análise da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e demais órgãos reguladores e autorreguladores, nos termos da legislação aplicável".
Já a BR disse à Reuters que o assunto deveria ser tratado com a Petrobrás.
Luna e Ferreira já atuaram juntos em Itaipu, quando o presidente da BR estava no conselho da usina binacional, enquanto o CEO da Petrobrás era o chefe executivo da hidrelétrica.

Análises técnicas vão embasar junto ao conselho a venda da participação na BR. Estima-se inicialmente que a Petrobrás pode faturar um mínimo de 8 bilhões de reais com a venda total dos papéis na BR.
"É uma operação vultuosa, podendo chegar a 8 bilhões, e com isso pode cair bem a dívida da companhia", disse a segunda fonte.
Questionadas sobre quando a negociação poderia ser concluída, ambas as fontes disseram que a intenção é que ela seja finalizada este ano.
Mas é "preciso aguardar o melhor momento para fazer o melhor negócio”.

Esta seria a terceira grande venda de ações da BR Distribuidora pela Petrobras. "A venda (plena) consolida a BR como 'corporation'; ela sem acionista de referência e sem acionista com mais de 4%", afirmou uma terceira fonte.
Essa fonte também confirmou que as discussões sobre a venda do ativo estão avançando.
"Já houve contato e, se eles quiserem vender, a operação é muito rápida: máximo 40 dias", destacou.
"A BR é um grande negócio e hoje vale (essa fatia da Petrobrás) mais de 10 bilhões de reais", afirmou a terceira fonte.
Segundo esta pessoa, faz "todo sentido" vender porque a ação já passou de 25 reais, ante máxima histórica de quase 28 reais, em fevereiro de 2020.
"A dívida da Petrobras é em dólares, e o dólar está caindo. Então se ele quer quitar mais dólares, melhor vender agora que a BR atingiu um de seus maiores valores em reais, e ele tem a oportunidade de vender e converter para um valor maior em dólares porque o câmbio caiu", complementou.

A dívida líquida da companhia chegou a 58,4 bilhões de dólares no fim de março (era 63,2 bilhões de dólares um ano antes).
No final do ano passado, a meta de vendas de ativos da Petrobrás aumentou para até 35 bilhões de dólares, até 2025, com a inclusão da BR e da petroquímica Braskem no programa.

A Petrobras já iniciou uma nova estratégia para o ajuste nos preços dos combustíveis, confirmaram as fontes.
No primeiro mês à frente da estatal, o novo presidente indicado por Jair Bolsonaro promoveu apenas uma mudança nos preços dos combustíveis.
No começo de maio, a empresa anunciou uma redução de 6 centavos no preço do diesel nas refinarias e de 5 centavos no litro da gasolina.
A política de paridade de preços internacionais, que leva em consideração as variações do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional, não teria sido abandonada.
Mas a orientação é evitar o sobe e desce de preços. A volatilidade é considerada prejudicial para a imagem da empresa.
"A paridade não está sendo deixada de lado, mas a orientação dada às áreas técnicas é que tentem diferenciar o que é um movimento conjuntural e passageiro do que é estrutural", disse a primeira fonte. "Mas para mexer no preço tem que haver uma justificativa estrutural", complementou.
"Se for uma subida de verdade que veio para ficar, a Petrobrás ajusta o preço. Mas se foi algo que vai e vem, não faz. As equipes olham os movimentos todos os dias, mas não vai ficar no sobe e desce... Talvez seja uma forma mais flexível de aplicar a paridade, ou melhor, uma forma menos imediata de aplicar", concordou a segunda fonte.

Bolsonaro anunciou a troca do comando da Petrobras, com o fim do mandato do economista Roberto Castello Branco, devido a descontentamentos com a política de preços da estatal na administração anterior.
Em meados de maio, o diretor-executivo de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella, disse que a nova gestão da Petrobras manteve a maneira de gerenciar ajustes de preços do combustíveis e busca praticar valores em níveis competitivos, evitando repassar volatilidade internacional ao mercado interno.

Foi bom, enquanto durou...

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