10/05/2021 às 09h18min - Atualizada em 10/05/2021 às 09h18min

​SABE O QUE SIGNIFICA CODEVASF?

COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DO FRENTÃO?


Vamos tentar falar sério (coisa cada vez mais difícil nesse país de Bolsonaros). Codevasf significa Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba. Elementar. Ela foi criada ainda na época da ditadura, com o objetivo de desenvolver as margens do Velho Chico. Mas parece que a Codevasf construiu uma história margeada por corrupção e fisiologismo, transformando-se na estatal do Centrão.

Na sua reportagem publicada hoje, 10 de maio de 2021, no Estadão, Breno Pires detalha um esquema do presidente Jair Bolsonaro para controlar o Congresso através da Codevasf, graças a um orçamento recorde de R$ 2,73 bilhões neste ano. Repetindo: orçamento recorde de R$ 2,73 bilhões neste ano!!!
Em plena campanha pela reeleição, ele 'incluiu na área de atuação da empresa mil novos municípios, muitos deles localizados a mais de 1.500 quilômetros das águas do São Francisco. Na prática, o governo transformou a “estatal do Centrão” num canal para distribuição de recursos para atender os seus interesses eleitorais.

A Codevasf se tornou a preferida de deputados e senadores – principalmente do Centrão –, pela capacidade de executar obras e entregar máquinas aos municípios e Estados mais rapidamente do que o governo. Motivo: sendo uma estatal, tem regras de contratação mais flexíveis do que um ministério.

Boa parte dos recursos do orçamento secreto (!) é destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas com valor acima da tabela de referência. Os documentos obtidos pelo Estadão revelam que um grupo de aliados do governo determinou o que comprar, por quanto e indicou a Codevasf como o órgão que deveria fazer a operação, o que contraria leis orçamentárias.

O “interessante” é que a área original da Codevasf incluía apenas Alagoas, Bahia, um pedaço de Goiás e de Minas, Pernambuco e Sergipe (por onde correm o rio São Francisco, os seus afluentes e os seus subafluentes), além de Brasília, sede da companhia.
Por decisão de Bolsonaro, a Codevasf também atende agora o Amapá, reduto do senador Davi Alcolumbre (DEM); o Rio Grande do Norte, base do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (sem partido), e a Paraíba, do deputado Wellington Roberto, líder do PL na Câmara. Poderia passar a se chamar Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco, do Parnaíba e Alcolumbres...

Na sua criação, em 1974, a empresa atendia 504 municípios, o que representava 7,4% do território brasileiro. De 2000 para cá, apenas Dilma Rousseff não alterou a abrangência da estatal (tinha que ser coisa do PT...). E foi Bolsonaro que fez a maior ampliação da história da empresa (não é coisa do PT?). Desde que ele assumiu a Presidência, a área de atuação da Codevasf cresceu de 27,05% para 36,59% do território nacional – um crescimento de 73,9%!!! Chegou ao Sul da Bahia, passou a cobrir quase todo o Ceará, o litoral de Pernambuco, o Sul de Goiás e grandes trechos do Pará e de Minas, atingindo a divisa de São Paulo.
Mas o São Francisco é infinito.  A empresa já atende 2.675 municípios em 15 Estados, além do Distrito Federal. É uma ampliação, digamos, ampla! Completamente sem freio! O Senado já aprovou proposta para a estatal atuar no Amazonas, em Roraima e no Sul de Minas – provando que o São Francisco é um rio sem limites. A companhia já passou a operar até no clima equatorial úmido da floresta do Amapá!!! Poderia até passar a se chamar CodevasfA...

A sede da Codevasf em Macapá foi inaugurada no último 16 de abril, com a presença de Davi Alcolumbre. Em uma empresa que não gera receitas próprias, o ex-presidente do Senado foi responsável por determinar o capital inicial de R$ 81 milhões para projetos no Amapá, com aval do Palácio do Planalto. Deveria mudar o nome da empresa para CodevasfA...
Enquanto isso, a diretoria executiva da estatal, composta por quatro indicados do Centrão, aprovava a criação de mais quatro Superintendências Regionais (SRs), além das oito já existentes, no Macapá, em Goiânia, Palmas e Natal — as duas últimas, aliás, são as bases do líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e do ministro Rogério Marinho, que estuda concorrer ao governo do Rio Grande do Norte.
O diretor-presidente da Codevasf é o engenheiro baiano Marcelo Moreira, ex-funcionário da Odebrecht, indicado em 2019 pelo deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), com respaldo do então ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, hoje chefe da Casa Civil. À época, Ramos disse à Coluna do Estadão que Elmar fez a indicação porque era líder do DEM, partido que votava “com o governo”.

Quer saber mais sobre a Codevasf? Leia aqui no Estadão. Ou ligue para o Centrão...
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