03/05/2021 às 08h23min - Atualizada em 03/05/2021 às 08h23min

​CRISE FEDERAL

PF NÃO ACEITA ORDEM DE MJ


Foi deflagrada a primeira crise entre o ministro da Justiça, Anderson Torres, e a Polícia Federal.  Anderson Torres só tem um mês como ministro e resolveu declarar que vai requisitar dados de investigações que miram governadores. O problema é que esse material pode ser usado politicamente, sendo entregue para os senadores que formam a base bolsonarista na CPI da Covid. Os delegados já afirmaram à coluna de Bela Megale, do Globo, que não vão compartilhar os dados das investigações com terceiros sem determinação judicial. Eles temem, claro, que o órgão seja usado politicamente na CPI.

Se fizer esse pedido, Anderson Torres vai extrapolar suas atribuições como ministro e pode colocar em cheque a independência da PF. Para os investigadores, a requisição de dados sobre desvios de verbas destinadas à Covid envolvendo governos estaduais precisa ser feita pelos senadores da base governista e não por um ministro à qual a PF está submetida. Integrantes da corporação afirmam que, se não foi por ordem da Justiça, os dados não chegarão às mãos de Torres, ao menos de maneira formal. Peraí! Como assim? Há possibilidade de chegar de outra maneira? Vivemos sob o domínio de Torres de papel?

Em toda CPI, o usual é que parlamentares façam esse tipo de pedido. Em seguida, a PF encaminha o pedido à Justiça, que é quem determina se dados sigilosos dos inquéritos podem ser compartilhados. Os policiais federais lembram que Torres, antes de ser ministro, é da Polícia Federal e tem o dever de seguir as regras. Esse é o procedimento a ser seguido e o potencial de crise é grande, se cometer essa injustiça.

Até hoje, a PF já deflagrou 77 operações em 23 Estados que investigam suspeitas de irregularidades no uso de recursos transferidos pela União destinados ao combate ao coronavírus. Todas as investigações apuram contratos públicos suspeitos que foram assinados com Estados e municípios na área da saúde e apontam que os valores desviados superam R$ 2,2 bilhões. Viu esse desvio, ministro? Isso, sim, é que é injustiça!

Leia também em O Globo e Brasil247.
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