Não basta combater o vírus – os países brigam entre si em defesa das qualidades de suas armas, as vacinas! O Brasil acaba de se posicionar bem no centro da disputa de dois adversários bem conhecidos, que vivem aos tapas e bofetões há algumas décadas – os americanos e os russos.
A história começa com o comunicado da brasileira Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na segunda-feira, 26, negando o pedido de importação da vacina Sputnik V. Foi uma decisão determinada por unanimidade durante reunião composta pelos cinco diretores da Anvisa. Eles teriam seguido a recomendação da área técnica do órgão e reforçaram que, com base nos estudos, não ficaram garantidas a segurança e a eficácia da vacina. O pedido de vacina analisado tinha sido protocolado por dez estados, que alegam demora do governo federal em trazer o imunizante ao país. São eles Acre, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe. As doses encomendadas por esses governos significam cerca de 29,6 milhões de aplicações.
A coisa, naturalmente, ganhou repercussão internacional. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, deu uma entrevista-bomba ao Sputnik declarando que os Estados Unidos não escondem que exercem pressão sobre o Brasil na questão da vacina russa Sputnik V. Ou seja, deu a entender que as justificativas da Anvisa faziam parte de um esquemão internacional coordenado pelos Estados Unidos.
"Não estou surpreendido com isso. Os norte-americanos não se acanham de estar fazendo este trabalho. Eles não estão escondendo isso", disse Lavrov.
Ele afirmou que a administração anterior, de Trump, fez algo parecido, com o então secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo viajando pela África e apelando publicamente nas coletivas de imprensa a seus colegas para não cooperarem e negociarem com a Rússia e a China, porque esses países "têm objetivos egoístas", enquanto os americanos negociam com os países africanos "para o bem dos povos". Um texto que, se o assunto não fosse tão sério, dá vontade de rir. Parece até briga de criança
"No Brasil surgiu agora um movimento contra. E se os norte-americanos admitiram que estão por trás deste resultado, então, é porque são fiéis à sua lógica de que tudo é permitido para eles e já não se acanham de dizer isso publicamente", declarou Lavrov.
O chanceler da Rússia lembrou que o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que estava acontecendo uma nova guerra, com a China e a Rússia usando a vacina como arma e ferramenta de propaganda. Mas agora a situação está mudando. "Agora tudo isso está passando, recuando para o segundo plano. Já a Alemanha, inclusive a chanceler Merkel, está falando seriamente que é possível usar a vacina russa. Não vamos forçar ninguém a fazê-lo. Acredito que a vida colocará tudo em seu lugar", afirmou o ministro russo.
O ministro tem razão. Mas temos que lembrar a todas as partes que é melhor acabar com essas disputa$ e colocar as vidas humanas em primeiro lugar. Vacina já!
Por essas e outras é que Lula – sim, Lula! – está indo a Brasília encontrar-se com o embaixador russo para poder resolver o имбролиум...
