Bolsonaro vive dias de desespero. Com certeza está acompanhando todas as pesquisas sobre avaliações de seu, digamos, governo e, naturalmente, não ficou nada satisfeito. Aproveitou a bobeira do seu (agora, ex) ministro das Relações Exteriores para fazer um troca-troca generalizado. Em vez de apenas um, trocou seis de uma só tacada. Foi uma surpresa para o Brasil e até para o resto do mundo. Surpresa principalmente para os demitidos ou trocados – exceto, claro, para o detonador da crise, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Esse, foi exigência do Centrão parlamentar. Mas serviu para acender a centelha das outras alterações.
Na Casa Civil, saiu Walter Braga Netto e assume Luiz Eduardo Ramos, que chefiava a Secretaria de Governo.
No Ministério da Justiça, entra o delegado federal Anderson Torres, no lugar de André Mendonça, que volta para a Advocacia Geral da União.
No Ministério da Defesa entra Walter Braga Netto, sai Fernando Azevedo e Silva.
No Ministério das Relações Exteriores, que deu início a tudo, entra o embaixador Carlos Alberto Franco França, moderado, pragmático, não é ideológico, discreto, considerado por alguns como muitíssimo habilidoso.
Na Secretaria de Governo, entra a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF).
Os que saíram definitivamente da categoria “ministro” foram Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e José Levi (AGU). Walter Braga Netto, Luiz Eduardo Ramos e André Mendonça simplesmente passaram de uma pasta para outra.
Tirando o Ernesto Araújo, que foi exigência do Centrão, os outros cinco certamente estão associados ao fator Lula. Bolsonaro obviamente está acompanhando – e até promovendo – pesquisas detalhadas sobre o seu futuro eleitoral e todas são bem diretas: “Você, Bolsonaro, não precisa de bola de cristal para saber que não tem futuro em 2022. Tem um Lula atravessando o seu caminho...”
Até uns tempos atrás, Bolsonaro levava tudo na tranquilidade. Mas aí surgiu essa tal de pandemia que colocou em evidência a sua incompetência presidencial. Preocupado com o estrago que a pandemia faria na sua economia, tentou manter todo mundo em ação, sem parar de trabalhar, mesmo que isso pudesse significar recordes mundiais em mortes em nosso país (nos dados divulgados na manhã de 30 de março, o Brasil se apresenta com 12.600.000 casos e 314 mil mortes!!!). Não deu certo, claro. Ao contrário, caiu sobre os seus ombros a responsabilidade por toda essa desgraça – o que, aliás, faz todo o sentido. Com isso, veio a preocupação com a próxima eleição e a pergunta incessante: ‘o que fazer?... o que fazer?... o que fazer?...’
Não tem muito mais o que fazer, Bolsonaro. As pessoas sobreviventes vão tomar as vacinas que você condenou, vão evitar o coronavírus que você não evitou e jamais vão esquecer o que você não fez por elas. Todo esse povo já tem um encontro marcado em 2022. Com Lula.
