27/03/2021 às 08h57min - Atualizada em 27/03/2021 às 08h57min

​ENTREGA OS DEDOS PARA NÃO PERDER OS ANÉIS

BOLSONARO FAZ TUDO PARA NÃO PERDER PARA LULA


Bolsonaro foi lançado a um beco sem saída. Não tem como resistir à gula do Centrão que quer porque quer os cargos de Ernesto Araújo (ministro das Relações Exteriores) e Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente.
 
Na visão de cientistas políticos ouvidos pela Sputnik Brasil, o ministro Ernesto Araújo não deverá resistir à pressão. Ricardo Salles, do Meio Ambiente, pode ser o próximo alvo a partir do segundo semestre.
 
O fato é que a crise interminável da pandemia do Covid-19, com o número de mortes em ascensão e a pasmaceira na compra de vacinas pelo país, tem feito Bolsonaro rever falas e atos - embora seus "pensamentos" continuem a nulidade de sempre.
No dia 4 de março, ele chegou a dizer que é "idiota" quem pede para comprar vacina, afirmando que não há imunizantes no mundo. Mas agora, com a forte pressão do Centrão pela vacinação em massa (naturalmente de olhão nos cargos), Bolsonaro já estaria levantando nomes para substituir Ernesto Araújo no Ministério das Relações Exteriores. Ele estaria desgastado no cenário internacional e não teria mais capacidade de ajudar o Brasil na articulação pela aquisição de novas vacinas.
 
No seu Twitter, Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, disse no dia 24:
Temos que ter a união de todos para que nós consigamos comunicar melhor, despolitizar a pandemia. Para desarmar os espíritos e tratarmos o problema como um problema de todos nós. Um problema nacional, que nos compete enquanto representantes da população.
E também fez um discurso carregado de críticas à atuação do governo federal na pandemia, pressionando por medidas efetivas e ameaçando com "remédios políticos amargos" e "fatais".
 
Deu pra entender o que esses "remédios políticos amargos e fatais" significam?
 
No seu discurso no plenário da Câmara, Lira continuou amarelando Bolsonaro:
"Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis continuarem sendo praticados".
 
O cientista político Fernando Luiz Abrucio, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), considera que os líderes do Centrão perceberam que Bolsonaro está perdendo popularidade e o apoio de setores econômicos com os novos impactos da crise. Para ele, os partidos que compõem o bloco, como o Progressistas de Lira, são pragmáticos e já estão de olho nas eleições de 2022.
 
"O país vai sofrer um impacto muito grande com a pandemia nos próximos meses. Eles pensaram: 'Vamos passar três meses apanhando de todos os lados?' Uma parte do Centrão achava que podia apoiar o Bolsonaro em 2022, mas, surgindo uma narrativa antibolsonarista na política brasileira, eles não vão até o fim. O Centrão pode até ir ao enterro, mas não vai ser o morto", afirmou Abrucio em entrevista à Sputnik Brasil.
 
Para José Álvaro Moisés, professor do Departamento de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo), é preciso ter cautela antes de imaginar uma mudança de rumo da política externa do governo, mesmo com a saída de Araújo.
Ele lembra que Bolsonaro adota "recuos táticos" para conseguir sustentação política, mas não deixa de defender suas posições no discurso para manter o apoio de sua base de seguidores.
"O Centrão está realizando uma pressão, porque do ponto de vista dos seus objetivos no médio e longo prazo, um governo sem rumo, que fracassa, não faz sentido. Mesmo para o Centrão, que tem pouca definição programática, mas tem uma preocupação de ocupar postos no governo, um governo que fracassa não faz sentido para esse tipo de aglutinação de partidos", afirmou Moisés.
 
Há quem acredite que Ricardo Salles é o próximo alvo do Centrão. Mas esses nomes têm pouco significado. São apenas os nomes que ganharam destaque negativo e passaram a justificar a gula por cargos. O que realmente importa é que tudo isso traduz o crescimento meteórico da candidatura Lula. Cada vez mais enfraquecido, Bolsonaro está atônito em busca de uma saída - mas a porta dos votos está se fechando...
 
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