18/02/2021 às 14h15min - Atualizada em 18/02/2021 às 14h15min

​INICIARAM O ATAQUE

. “CHEGOU A HORA DE DAR UM BASTA”, DISSE ZÉ DIRCEU.

 
Temos dois textos sobre a movimentação golpista que se intensificou nos últimos dias. Vemos nos dois um alerta importantíssimo, uma espécie de mobilização geral, da esquerda, centro-esquerda, centro, até da direita não-fascista, para formar barreira em defesa do nosso país. Vamos ao primeiro.
 
José Dirceu:
 
Hoje nos defrontamos de novo com uma aberta tentativa de preparação de um golpe no caso de uma derrota eleitoral.
 
Como é possível uma nação e um país como o Brasil voltar a se defrontar com o risco de uma ditadura, novamente. Como se não tivessem bastado os anos do Estado Novo corporativista e ditatorial respaldado pelos militares. E é bom sempre recordar que vivemos também 21 anos de ditadura militar (1964-1985), assumida e até agora insepulta e impune.
Agora nem a vitória de Jair Bolsonaro e o status de casta que os militares conquistaram com a recente reforma da Previdência os mantêm fora da política. Pelo contrário. Reivindicam o direito líquido e certo de exercer sobre o país a tutela militar, o poder moderador, nomes suaves e enganadores para uma ditadura legalizada de certa forma como a de 64, quando tínhamos partidos, eleições e até um Judiciário dócil e de joelhos.
Até onde irá a cumplicidade de nossas elites políticas e empresariais de direita com, de novo, a tentação ditatorial e a regressão política, mas também social e cultural que representa Bolsonaro? O que mais é preciso acontecer, fora o descalabro em todas as áreas do governo e a criminosa negação da pandemia com toda sua tragédia humanitária, para darmos um basta com todos os riscos que representa um impeachment?
Hoje nos defrontamos de novo com uma aberta tentativa de preparação de um golpe no caso de uma derrota eleitoral. Isso está claro com a liberação total de armas para as milícias civis de extrema-direita e a provocação de um deputado do entorno bolsonarista – Daniel Silveira, do PSL do Rio de Janeiro – contra a Suprema Corte com o objetivo expresso de retomar a pressão para o assalto ao Poder Judiciário depois da captura das Mesas da Câmara e do Senado.
É disso que se trata e não da soberania do Congresso ou da liberdade de expressão dos deputados e senadores. O que está em jogo é a democracia, a liberdade, é viver de joelhos e submissos ou livres e de pé ainda que nos custe sangue, suor e lágrimas. Que nos custe a vida e muitas vezes, como na ditadura militar, a própria liberdade.
Só nos resta uma alternativa. Lutar e lutar. Não há outro caminho senão o de agora ou nunca manter, com todos os senões, a soberania e a independência do Supremo Tribunal Federal. Isso para mim, pessoalmente, tem um custo alto. Já fui condenado sem provas na ação penal 470 por essa mesma Corte. Mas nada me cegará diante da ameaça de novo da ditadura, agora com um caráter fascista e militar. É hora de dar um basta.
 
Publicado originalmente no Poder360.

Vamos ao segundo.

Val Carvalho:

NENHUM PASSO ATRÁS – NÃO HÁ ACORDO COM QUEM QUER DESTRUIR A DEMOCRACIA!
 
 
A decisão rápida, vigorosa e unânime dos 11 ministros do STF de respaldar a prisão do deputado bolsonarista surpreendeu o país. Difere das reações anteriores do Supremo, geralmente conciliadoras e que ficam perdidas pelo caminho.
 
As forças democráticas e populares também reagiram prontamente, dando apoio ao Supremo e exigindo a cassação do deputado bolsonarista que atentou contra a democracia. Haddad, Mercadante, Zé Dirceu, Dino, Glauber e vários outros líderes da esquerda se manifestaram de imediato em defesa da democracia.

Até a Globo, que tem a sua concessão de TV ameaçada pelo fascista que ajudou a eleger presidente, também reage por meio de seu porta-voz e cobra, com três anos de atraso, a declaração golpista do general Villas Boas. Mas cada força tem o seu momento político para se manifestar. O que interessa à luta contra o fascismo é que cedo ou tarde todas as forças, mesmos a mais conservadoras, se manifestem contra esse projeto de ditador.
 
Mas a firme reação do Supremo de encarar a besta fascista, que merece aplausos e apoio de todos nós, deve ter surpreendido principalmente Bolsonaro. Certamente esperando um acordo entre Lira e o STF, ele aceita os conselhos de ficar calado e não se meter diretamente na briga.
 
Mas isso fere a sua natureza de miliciano, que fica soprando em seu ouvido que deveria prestar solidariedade ao seu fiel soldado, modelo perfeito de um verdadeiro bolsonarista: policial militar, muito músculo e cérebro de camarão e só eleito deputado federal por causa da onda do mito do esgoto (que em 2018 era visto por muitos como “salvador da pátria”). Afinal, o que o deputado Daniel disse, Bolsonaro diz quase todos os dias!
 
Para Bolsonaro os policiais militares têm mais valor-de-uso do que os generais. Estes usam o presidente-miliciano para servir a seus interesses de ocupação do poder, enquanto aqueles são usados por Bolsonaro como a sua principal base golpista.
 
Por isso Bolsonaro não vai conseguir ficar calado por muito tempo e provavelmente virá em “socorro” do seu deputado. Este não é um fascista pé-de-chinelo como era Sara Winter, abandonada por ele. Certamente que os colegas de farda do PM-deputado estão contando com o apoio do presidente, fato que elevaria ainda mais a fervura do clima político.
 
Contudo, a história confirma que valentia não é uma característica dos fascistas brasileiros. Na década de 30 do século passado os fascistas de Plínio Salgado corriam dos comunistas nas ruas, recebendo por isso o apelido de “galinhas-verdes”. Em 1961, a Junta Militar que assumiu o poder no vácuo da renúncia de Jânio Quadros fugiu do confronto com o então governador Brizola que tinha armado o povo gaúcho para defender a posse do vice-presidente Goulart. Se houvesse a mínima resistência militar-civil do governo Goulart ao golpe de 64, este não passaria de um 1º de abril.
 
O fascista brasileiro só é corajoso quando sente que conta com o apoio da polícia nas ruas e a certeza da impunidade na justiça. Bolsonaro só teve a coragem de fugir dos debates porque sabia que a Globo não lhe chamaria de covarde – para não falarmos da estranha e oportuna facada. Quando as forças democráticas se unem e levantam a voz, os fascistas recuam e fogem da luta.
 
Agora não foi diferente do passado. Mas atenção! Apesar de perder apoio diariamente, Bolsonaro ainda continua forte e perigoso, uma ameaça real para a democracia, principalmente se chegar até 2022 e perder as eleições, o que achamos que acontecerá.
 
Portanto, nenhum passo atrás, nenhum acordo com o genocida: o deputado que ameaçou a democracia tem de continuar preso e ser cassado! Caso o campo democrático se mantenha firme e unido (“com o Supremo e tudo”), essa primeira derrota séria de Bolsonaro pode ser seguida de outras. Fazemos coro com Zé Dirceu: “chegou a hora de dar um basta!”
 
 
Daqui&Dali:
 
Bolsonaro começa a desesperar. Percebeu que o seu “auxílio emergencial” – se acontecer... – não terá força suficiente para reerguê-lo. Está sentindo cada vez mais forte o “Fora, Bolsonaro!” que o povo já traz na ponta da língua. O importante agora é não recuar, não fechar o olho, não deixar o bicho armar o golpe. No próximo 31 de dezembro, não estaremos batendo palmas para os quatro anos velhos que tivemos – estaremos de braços abertos para um novo Brasil!
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