Já dizia Galileu da Galiléia, malandro que é malandro não bobéia. E Trump, que sempre bancou o esperto, dessa vez bobeou feio. Foi flagrado com a boca na botija. Pior: foi gravado!
“O presidente dos Estados Unidos foi filmado tentando fraudar uma eleição presidencial”, disse em Washington Noah Bookbinder, diretor executivo da CREW (Citizens for Responsibility and Ethics - uma organização sem fins lucrativos e apartidária do governo americano, que fiscaliza a ética e a responsabilidade), que foi além, pedindo que Trump tivesse impeachment, pouco mais de duas semanas antes de deixar o cargo. “Este é um ponto baixo na história americana e uma conduta indiscutivelmente impugnável. É indiscutível e devastador”, acrescentou Bookbinder. “Quando o Senado absolveu o presidente Trump por abusar de seus poderes para tentar ser reeleito (em fevereiro de 2020, em relação às abordagens da Ucrânia tentando enlamear Biden), ficamos preocupados que ele se tornasse mais descarado em suas tentativas de se manter no poder de forma errada e ilegal. O Congresso deve agir imediatamente.”
O presidente Democrata do comitê judiciário da Câmara, Jerry Nadler, disse em um comunicado que Trump “continua profundamente incapaz para o cargo” e “também pode ter de se sujeitar a responsabilidade criminal adicional”.
Em um tweet, Adam Schiff, o promotor principal no julgamento de impeachment, disse: “O desprezo de Trump pela democracia foi exposto. De novo. Gravado. Pressionar um oficial eleitoral para ‘encontrar’ os votos para que ele possa ganhar é potencialmente criminoso, e outro flagrante abuso de poder por um homem corrupto que seria um déspota, se o permitíssemos. Não vamos."
Nancy Pelosi, a Democrata da Califórnia eleita presidente da Câmara para um quarto mandato, definiu a estratégia para a certificação eleitoral em um memorando aos colegas. “Ao longo dos anos”, escreveu ela, “passamos por muitos desafios na Câmara, mas nenhuma situação se compara à presidência de Trump e ao desrespeito de Trump pela vontade do povo”.
Chuck Schumer, o líder da minoria no Senado, bateu direto em Ted Cruz, o líder Republicano do Texas que, em defesa de Trump, pedia uma “auditoria de emergência” da eleição. “Você quer investigar fraude eleitoral?” o New Yorker tuitou. “Comece com isso.”
Adam Kinzinger, um congressista Republicano de Illinois, tuitou: “Isso é absolutamente terrível. Para todos os membros do Congresso que consideram protestar sobre os resultados da eleição, vocês não podem - à luz disso - fazê-lo com a consciência limpa.”
O chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, e Cleta Mitchell, uma advogada Republicana, também estavam na ligação, durante a qual Trump analisou alegações desmascaradas sobre suposta fraude eleitoral e chamou Raffensperger de "criança", "desonesto ou incompetente" e um "idiota ”. Caracteristicamente, ele também ameaçou com ação legal. “Você sabe o que eles fizeram e não está relatando”, disse Trump. "Você sabe, isso é uma ofensa criminal. E você sabe, você não pode deixar isso acontecer. Isso é um grande risco para você e para Ryan, seu advogado. Isso é um grande risco.”
Referindo-se ao segundo turno na terça-feira, 5, que decidirá o controle do Senado, Trump disse: “O povo da Geórgia sabe que isso foi uma farsa. Por causa do que você fez ao presidente, muitas pessoas não vão votar, e muitos Republicanos vão votar contra, porque odeiam o que você fez ao presidente. OK? Eles odeiam isso. E eles vão votar. E você seria respeitado, realmente respeitado, se isso pudesse ser corrigido antes da eleição.”
Os candidatos Republicanos Kelly Loeffler e David Perdue, que buscam derrotar os Democratas Raphael Warnock e Jon Ossoff, se alinharam atrás de Trump. Mas os Republicanos da Geórgia temem que seus ataques possam reduzir o comparecimento à votação, enquanto os Democratas trabalham para aumentar os seus.
