São bons de ler os editoriais de hoje, 31 de dezembro 2020, do Estadão e da Folha, apontando o dedo diretamente para os dois anos de desgoverno de Bolsonaro. A Folha, por exemplo, diz que Bolsonaro jogou a presidência na lama e lista suas lambanças em 2020. O Estadão diz, já no título, que o Brasil é “refém do descaso”.
A Folha destaca que “o chefe de Estado agiu como líder sectário, investiu contra a aspiração majoritária de minimizar e abreviar o sofrimento com a pandemia, atacou Legislativo e Judiciário com mensagens e atitudes golpistas e atirou à lama o decoro exigido no cargo". O responsável pelo texto estava muito inspirado pelos dois últimos anos de bolsonarices.
O Estadão, em tom de lamento, destaca que “nesta hora grave, a postura insultuosa de Bolsonaro diante das aflições dos brasileiros deve ser vista como uma traição ao juramento por ele prestado sobre a Constituição ao tomar posse como presidente da República”.
É bom lembrar que os dois apoiaram o golpe contra Dilma, o que facilitou a ascensão dessa aberração, o bolsonarismo. (Podem ser lidos ao final.)
Mas o que será o que esses dois importantes jornais diziam em 1º de janeiro de 2019?
A Folha dava destaque para a pesquisa Datafolha apontando que 65% achavam que “Bolsonaro fará governo ótimo ou bom”.
O Estadão dizia no título de seu editorial: “O Brasil no caminho do grau de investimento” (grau de investimento indicaria aos investidores que uma economia tem baixo risco de dar calote e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país terão risco próximo a zero).
Os dois apoiavam irrestritamente o mesmo Jair que agora excomungam. Ok, os bons filhos, digamos assim, à casa tornam. Mas os dois deveriam estar mais atentos para os movimentos de reeleição que Bolsonaro já está fazendo. Acaba de reajustar o salário mínimo para un poquito acima da inflação. E, além disso, adiou o importante “renda mínima” para ser lançado para mais perto da campanha de reeleição.
Bolsonaro prepara-se cuidadosamente para recuperar o apoio do povão. Como serão os editoriais em 31 de dezembro de 2020?
