09/12/2020 às 08h41min - Atualizada em 09/12/2020 às 08h41min

​BRASIL X VENEZUELA

QUAL A SAÍDA PARA O PETRÓLEO?


A esquerda brasileira, através da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, diz que a eleição na Venezuela foi democrática e é uma resposta ao imperialismo americano e seus representantes.
Mas a direita brasileira, através da representação de Jair Bolsonaro, considera que a eleição foi uma farsa e que não representa a maioria do povo venezuelano.
 
Sendo realista, não há verdades nem mentiras nessas declarações. O que temos, pra valer, é uma disputa que dura décadas em torno do petróleo venezuelano. Até a década de 1930, os governos venezuelanos davam a prioridade de suas relações aos Estados Unidos, à América Central e aos países caribenhos. O Brasil, também, não buscava maior proximidade. Com o golpe brasileiro de 1964, a Venezuela cortou relações diplomáticas com o país, afirmando não reconhecer regimes estabelecidos pela força. O Itamaraty lamentou a postura do governo venezuelano, alegou que os venezuelanos não compreendiam a posição brasileira de busca por uma união sul-americana em torno da segurança continental e contra o que denominou “subversão extremista”. Foi somente em 30 de dezembro de 1966 que a Venezuela decidiu restabelecer as relações diplomáticas com o Brasil.

Com Rafael Caldera presidente (1969-1974), a Venezuela decidiu ampliar a autonomia do país na definição dos preços de sua produção energética, distanciando-se dos Estados Unidos. E, ao mesmo tempo, ampliou suas relações internacionais, fortalecendo o contato com países do bloco socialista e diminuiu a tensão em relação a Cuba.

As relações com o Brasil permaneceram próximas durante os governos de Fernando Henrique e de Lula. Com a crise política de 2002 e a greve dos petroleiros, a Venezuela teve desabastecimento e Fernando Henrique chegou a colocar o exército brasileiro à disposição. A manutenção de uma postura próxima à Venezuela sempre foi entendida pela diplomacia brasileira como essencial pela importância geopolítica das reservas energéticas do país vizinho, além de servir para a contenção de qualquer tentativa de liderança regional exacerbada. Mas agora vemos “questões ideológicas”, digamos assim, sobrepondo-se à boa relação entre o Brasil e a Venezuela. Trump e Bolsonaro, principais representantes da direita no continente, opõem-se radicalmente a Maduro e, além de tudo que já tentaram, farão o que for possível para derrotá-lo.
Só vão deixar Maduro em paz se acabar o petróleo venezuelano...

Leia também em Conjuntura Austral e Estratégia.
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